31 março 2004

e já que falamos em felicidade...

...existe alguma maior do que encontrar dinheiro no bolso das roupas que estão para lavar?

o rei e a felicidade

há mais de uma década, uns amigos meus formaram uma banda chamada rc cover, só com versões de músicas do roberto carlos. foi então que descobri que o legado do já então "índia velha" (manu, amigão, diz que o rei foi o único sujeito que, com a idade, não ficou velho, e sim, velha) era rechado de biscoitos finos.

depois a banda transformou-se em "acabou la tequila", diversificou-se em "matanza", e de lá - pasmem - surgiram o embrião do cordão do boitatá, o cérebro musical de moreno veloso, regina casé & os modernos da tv globo, e o cavaquinho da badalada teresa cristina (leia-se grupo semente).

e foi, ainda nos tempos de rc, que conheci a canção abaixo. que, diga-se de passagem, nunca fez tanto sentido quanto agora. tenho escutado direto uma versão primorosa, cantada por erasmo & tim maia. (aliás, sobre o sentido das músicas, o lobão disse que só entendeu seu verso "nem sempre se vê lágrimas no absurdo", quando ele resolveu não se deixar abater pela derrota do brasil na copa de 98).

Além do Horizonte (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)

Além do horizonte deve ter algum lugar bonito
Pra viver em paz
Onde eu possa encontrar a natureza
A alegria, e felicidade, com certeza

Lá, nesse lugar, o amanhecer é lindo
Com flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde a gente pode se deitar no campo
Se amar na relva sscutando o canto dos pássaros

Aproveitar a tarde sem pensar na vida
Andar despreocupado sem saber a hora de voltar
Bronzear o corpo todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida sem frescura

Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois
Se você não vem comigo nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem amor

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranquilo pra gente se amar


30 março 2004

as trigêmeas de belleville

the triplets of belleville (arbitrariamente traduzido "as bicicletas de belleville") foi o grande perdedor do oscar de longa de animação deste ano. não chegou a ser uma sacanagem, porque o vencedor, procurando nemo, também é uma obra-prima. mas deu uma pontinha de frustração ver uma produção tão original voltar pra casa de mãos vazias.

meio suspense, meio comédia surrealista, o desenho dirigido por sylvain chomet mistura vaudeville com o tour de france, máfia e jogos de azar, num clima nonsense e animação expresionista e classuda, de qualidade impecável, e praticamente sem diálogos.

há diversas referências divertidas, como uma "ponta" do violonista cigano django reinhardt, uma piada com a marca de queijo francesa la vache qui rit, e sobre as consequências do hábito estadunidense de se empanturrar de junk food, além de um bônus para nós, lusófonos: uma versão impagável de uma casa portuguesa. e por falar em música, a trilha sonora é primorosa, composta quase toda de jazz no estilo "cabaré". o filme também era candidato ao oscar de melhor canção (esse prêmio, sim, roubado).

o filme valeu cada segundo - dos muitos - que esperei para baixá-lo. agora é só esperar a sony tomar vergonha na cara e fazer a distriuição no brazuca. enquanto isso, fique com algumas imagens e um trailer.

29 março 2004

música dessa e (espero) de muitas outras estações

Got to get you into my life - Lennon & McCartney

I was alone, I took a ride,
I didn't know what I would find there
Another road where maybe I could see another kind of mind there

Ooh, then I suddenly see you,
Ooh, did I tell you I need you
Every single day of my life

You didn't run, you didn't lie
You knew I wanted just to hold you
And had you gone you knew in time we'd meet again
For I had told you

Ooh, you were meant to be near me
Ooh, and I want you hear me
Say we'll be together every day

Got to get you into my life

What can I do, what can I be,
When I'm with you I want to stay there
If I'm true I'll never leave
And if I do I know the way there

Ooh, then I suddenly see you,
Ooh, did I tell you I need you
Every single day of my life

Got to get you into my life
Got to get you into my life

I was alone, I took a ride,
I didn't know what I would find there
Another road where maybe I could see another kind of mind there

Then suddenly I see you,
Did I tell you I need you...

28 março 2004

constatação teórica de um fato da vida prática

nos dias de hoje, com a capilaridade da rede de comunicações instaurada pelas tecnologias de informação, e com a facilidade de aquisição e acesso aos aparelhos que permitem a integração à distância, só não é encontrado quem não quer.

teorias conspiratórias

sou daqueles que acreditam que a paranóia é uma forma desenvolvida de inteligência. hoje, enquanto almoçava, assisti a alguns trechos da série 24 horas, com o kiefer sutherland. não me levem a mal, do pouco que vi até hoje do programa, gostei muito, como gostava do arquivo x ("x-filés", para os íntimos). mas, vamos aos fatos:

fato 1: arquivo x foi lançado em setembro de 1993, como parte de uma campanha para recuperar a a credibilidade do fbi perante a opinião pública estadunidense, cinco meses depois de o desastrado massacre de waco (texas) ter provocado a morte de 80 pessoas, 21 delas, crianças.

fato 2: 24 horas foi lançado em 6 de novembro de 2001, quase dois meses depois do ataque às torres gêmeas. no entanto, em fevereiro de 2001, o diretor da cia, george tenet, alertava o congresso para a forte probabilidade de ataques a alvos civis empreendidos por bin ladin e a al-qaida (embora afirmasse então que o iraque não oferecia ameaça ao país).

pergunta: será que a agência de informações já não buscava conquistar a simpatia dos cidadãos americanos antecipadamente, numa estratégia para justificar a futura ofensiva da "guerra contra o terror"?

27 março 2004

Band vai apostar em Preta Gil, que terá programa aos sábados

se a proposta da anatel para melhorar a programação das tevês abertas for realmente para valer, algo tem que ser feito para impedir dona marlene mattos de nos empurrar goela abaixo mais um de seus frankensteins. mêda!

farra "de gaveta"

matéria de capa do caderno ela, d'o globo fala sobre os mudernos cariocas fazendo festas em motéis. apesar de os personagens alegarem que a mania vem de 1999, quem bobeou foi o jornal, que requentou uma matéria similar à outra publicada na veja em 2000.

é que desde que a li no semanário, alimento a idéia secreta de comemorar um aniversário assim. e para comprovar minhas certezas, fui ao arquivo on-line da veja. bingo! 13 de dezembro de 2000. como não sou assinante, não pude lê-la ou reproduzi-la, mas quem quiser tirar a prova dos nove, pode entrar no site da revista e digitar "motéis" na busca por números atrasados, ou ver direto a tal data no resultado da minha pesquisa.

25 março 2004

da série "campeões de sutileza"

But I'm near the end and I just ain't got the time
And I'm wasted and I can't find my way home.


can't find my way home - steve winwood

glauber rocha na vidraça alheia

por conta da recente polêmica em torno do filme do silvio tendler sobre o glauber rocha, separei umas frases do incendiário cineasta retiradas de uma entrevista concedida ao zuenir ventura, em 1980, retirada do livro cultura em trânsito: da repressão à abertura, da editora aeroplano. infelizmente, ainda conheço pouco a obra do glauber, mas desde que topei com essa entrevista, corro atrás de tudo que ele escreveu.

concordem ou não com suas opinões, o fato é que o brasil nunca mais teve alguém que pensasse o país com tanta coragem e isenção.
glauber mete o pau até nos próprios conterrâneos - comportamento praticamente tabu entre baianos famosos. alguns trechos são grandes, mas acho que valem a pena serem lidos:

Como diz Oswald de Andrade, no Brasil, o contrário de burguês não é o proletário, é o boêmio. Intelectual aqui é um palhaço da burguesia, são as mesmas figuras da revista Interview, das colunas sociais de O Globo, desses bares decadentes aí. É o grotesco, é o expressionismo caipira latino-americano, como em Cuba de Batista. Show da Gal Costa, espetáculo de Ney Matogrosso, teatro de Dias Gomes, é tudo uma porcaria só. São as filigranas, o texto da decadência da colônia do Rio de Janeiro, um porto prostituído.
(...)
O Brasil, aliás, é um país que precisa de uma guerra, porque aqui não há tragédia, é um país de pessoas cínicas, liberais, a burguesia é poder, depende dos Estados Unidos; é todo um processo inteiramente absurdo de irresponsabilidade.
(...)
(...) quem divulgou essa história de Patrulha Ideológica, baseado em declarações do Carlos Diegues, foi o Estado de São Paulo, que é um jornal tradicional da extrema direita paulista, o que foi até combatido pelo Cláudio Abramo na Folha, que lamentou que as declarações do Cacá se tivessem prestado a uma provocação anti-comunista no seio da intelectualidade. Provocação, aliás, na qual o Caetano Veloso entrou, na esteira, sem a menor compreensão do processo político. Caetano resolveu, oportunisticamente, repetir a dica do Cacá e passou a atacar os padrões ideológicos e a identificar jornalistas como comunistas, sem saber exatamente o que é um partido comunista e qual a situação disso dentro do Brasil, coisas que o Cacá entendeu melhor.
(...)
Os intelectuais são uns párias perseguidos em todos os lugares. Mesmo a arte revolucionária é propriedade da elite, porque quem ouve Villa-Lobos é a elite, a burguesia brasileira culta. Quem tem quadro do Portinari, quem lê João Cabral, Guimarães Rosa, não é o povo. Então, a própria cultura revolucionária aqui é seqüestrada pela classe dominante e censurada.
(...)
Os comunistas são sempre uma variante dos católicos, são dois fascismos, duas ortodoxias que não têm nada a ver com o marxismo.
(...)
Eu também estou metido, desde as minhas origens, numa batalha que é a dessacralização do artista e do intelectual. Inclusive, eu não estou de acordo com a representação que se fazem os intelectuais, os artistas no centro da sociedade. Não estou de acordo com nada disso. Acho que o artista tende a se prostituir rapidamente no Brasil e os outros intelectuais já se acomodaram. E isso não é por dificuldade econômica, mas pelo pensamento católico que rege tudo e impede as rupturas. Não adianta psicanálise, não adianta nada. O que é preciso é se liberar da Missa, da adoração às imagens. Esse é que é o problema.

22 março 2004

dr. fantástico é pinto...

ao providenciar para que o líder do hamas, xeque ahmed yassin, fosse ver allah de perto, sharon enfiou nossa mão no vespeiro.

como não fosse suficiente, enquanto (perdão pela má palavra) o cu do mundo se aperta de medo de uma retaliação terrorista em escala planetária, um repórter paquistanês confirma a suspeita de que usama bin ladin possuiria armas nucleares. e um ex-funcionário do governo americano afirma que bush jr. ignorou a ameaça da al-qaida antes do 11/9.

não é mesmo uma belezura? é, meus velhos, pelo andar da carruagem, talvez estejamos próximos de ver o sol se pôr no leste.

"deus existe, mas não funciona."

da série "frases que eu gostaria de ter dito". é do murilo mendes, mas saiu da boca do mestge joel silveira. quem gostou da frase pode ir atrás de outras de igual calibre, no site do geneton moraes neto.

conforme visto na coluna do sergio maggi, no caderno de informática do globo (preguiça de procurar os links).

liberdade de expressão ameaçada

lendo o butuca ligada hoje (21/03), fiquei sabendo da censura a que o cris dias foi submetido por uma certa empresa de recolocação profissional (não cito para não correr o mesmo risco. em rio que tem piranha, jacaré nada de camisinha...).

a tal companhia de recursos humanos (????) conseguiu empastelar a publicação de uma reportagem na você s/a, da editora abril (informações no observatório da imprensa), e - pasmo absoluto! - conseguiu tirar a notícia do CMI do ar. procurem o título contendo a palavra "sabotagem".

parece que o interney foi coagido pela mesma empresa, mas não consegui conectá-lo. mais informações nos links anteriores.

por outro lado, a alê felix recebe a intimação de um famoso licor para abandonar imediatamente o uso da marca no título de seu blog.

sinceramente, achei que as únicas enlouquecidas eram as gravadoras estadunidenses (aqui tem um site maneiro de boicote a elas), mas parece que qualquer corporação que se sinta acuada pode apontar seu arsenal para cidadãos. a paranóia capitalista instalou-se, geral. estão tentando controlar um ambiente incontrolável - a própria rede.

nesses momentos, só consigo lembrar aquela velha canção:

vamos fazer nosso dever de casa,
e aí então vocês vão ver
suas crianças derrubando o rei,
fazer comédia no cinema com as suas leis.

pouco sexo para muita cidade

tenho uma implicância arraigada e infantil com nova iorque. nunca estive lá, portanto, podem dizer que é recalque, não me importo. e olha que adoro o clima dos filmes do woody allen, "o poderoso chefão", "era uma vez na américa", e "a época da inocência".

no entanto, me aborrece o deslumbramento dos brasileiros com a cidade. cansei de ver gente suspirar pelo cachorro-quente da barraquinha da quinta avenida, ou os pretzles de times square, ou qualquer outra baboseira do gênero. vamos combinar, nova iorque não passa de uma de são paulo em que neva - porque até o idioma é o mesmo.

é bem verdade que, graças a músicas como "autumn in new york", "central park west", entre outras, eu vinha amolecendo. estava pronto a mudar de opinião (coisa de que ninguém pode me acusar), até salsão e gabi aparecerem com o dvd da primeira temporada de sex and the city.

assistimos a dois episódios, e foi o bastante para pararmos, um pouco constrangidos: tirando umas poucas piadas, o resto era um pacote de conflitos de adolescentes pouco dotadas de atributos sinápticos, embrulhados num papel muito vistoso e sofisticado. me admira as mulheres se espelharem nesses modelos.

como diria shakespeare, "ah, que falta faz um bom tanque e uma bela trouxa de roupas..."
...
um sujeito que queira explodir aquele torrão não pode ser mau de todo, afinal...

sou amigo pra caralho

é contra minha política pessoal reproduzir imeios engraçadinhos, mas como quem mandou esse foi minha amiga pra caralho gabriela b. (e me divertiu às pampas), dei uma volta nas regras:

Amigo Simples X Amigo Verdadeiro X Amigo Pra Caralho

- Um simples amigo traz uma garrafa de vinho para sua festa.
- Um amigo de verdade chega cedo, ajuda a cozinhar e fica até mais tarde para ajudar a limpar.
- Um amigo pra caralho faz tudo isso, e ainda bebe todas na sua festa, vomita no tapete da sua mãe e dorme atrás do sofá até segunda-feira pela manhã, quando a empregada acha ele.

- Um simples amigo odeia quando você liga depois que ele já se deitou.
- Um amigo de verdade pergunta por que você demorou tanto para ligar.
- Um amigo pra caralho pergunta se você tá virando viado, prá ligar àquela hora, te manda dormir e ir curar tuas mágoas com cachaça.

- Um simples amigo procura você para conversar sobre seus próprios problemas.
- Um amigo de verdade procura você para te ajudar com os teus problemas.
- Um amigo pra caralho procura você, te ajuda com os teus problemas e ainda te leva pra gandaia e paga todas.

- Um simples amigo, ao visitá-lo, age como uma visita.
- Um amigo de verdade abre a geladeira e serve-se sozinho.
- Um amigo pra caralho abre a geladeira, serve-se sozinho e ainda reclama que só tem Kaiser.

- Um simples amigo pensa que a amizade acabou depois de uma discussão.
- Um amigo de verdade sabe que não é amizade enquanto não teve a primeira briga.
- Um amigo pra caralho xinga você, chuta o seu cachorro e risca teu carro, mas tá tudo bem.

- Um simples amigo espera que você esteja sempre lá para ele.
- Um amigo de verdade espera sempre estar lá, para você!!!
- Um amigo pra caralho te espera duas horas no bar até ficar revoltado. Vai até a sua casa, xinga você, chuta o teu cachorro e risca seu carro, tudo de novo.

não pude resistir...

I'm a rocket ship on my way to Mars
On a collision course
I am a satellite, I'm out of control
I am a sex machine ready to reload
Like an atom bomb about to
Oh oh oh oh oh explode

I'm burning through the sky - Yeah!
Two hundred degrees
That's why they call me Mister Fahrenheit
I'm trav'ling at the speed of light
I wanna make a supersonic woman of you


Queen - Don't Stop now

21 março 2004

alguém realmente ganha uma guerra?

apesar de espetaculares avanços científicos serem alcançados durante as guerras (vide a penicilina, por exemplo), e as grandes empresas sempre sobreviverem (vide bayer, volkswagen, telefunken, siemens, e por que não, a ibm), o povo, independente do lado, sempre toma na...arhm, cabeça.

senhoras e senhores, para quem ainda têm dúvidas - e estômagos fortes - o iraque. por david leeson, americano do texas. não dá para maquiar. a boçalidade é tremenda...

viva a iconolatria!

putz, agora que aprendi o ridículo código html para bostejar imagens, ninguém me segura (pensando bem, até que o teste do unicórnio serviu para algo, afinal).
para coroar os esforços, finalmente achei uma imagem ao estilo "idade média" que tanto procurei, para ilustrar o blog. tem borduna e antropofagia, à la carte. um dia talvez, com mais saco, alinhe as bordas, estique a imagem, ou coisa que o valha, para dar vazão aos meus instintos estético-neuróticos.

já que falamos no assunto, outro dia uma leitora muito especial veio perguntar se o título tem alguma referência fálica intencional. não, minha adorada, a idéia inicial não foi relacioná-lo à ferramenta de trabalho. o conceito era "rachar cabeças". sem muita pretensão, treinar a munheca, buscar um ponto de vista acima do resto da manada, e, quem sabe, exorcizar alguns fantasmas.

até que tenho me divertido...

mas pretendo segurar a mão nas imagens. embora embelezem e atraiam leitores, a intenção aqui sempre foi escrever.

19 março 2004

ponto de mutação

algo muito sério aconteceu. como se o próprio tecido da realidade fosse esgarçado (sempre quis usar essa expressão). sinto-me solto, abandonado num espaço sideral uterino - aconchegante portanto. daqui em diante não há mais volta. e o john coltrane, para minha felicidade, não para de buzinar meus ouvidos.

seja água, meu amigo. como ensinou bruce lee. "já não há mais moinhos como os de antigamente" (obrigado, blanc. obrigado, bosco. jamais poderei recompensá-los à altura).


o mundo pode ser bom, afinal. e talvez até haja um deus a olhar por mim.
...

algum dia, se não londres,
o central park west, ao menos,
terá o seu cheiro,
me garantiu coltrane
no sopro dolente da cornucópia.

enquanto o mormaço de seu corpo
pesa-me as pálpebras de outra vez menino
(feliz com seu brinquedo novo),
espanta-me o verão de lírio que desabrocha
decidido em sutis ternuras rubras.

de onde, tanta sorte?
de onde, tão forte?
serei deus? será eu?

és o porquinho-da-índia
que preferiu não estar sob o fogão.

teste. e se possível, a primeira imagem

sempre achei meio babacas esses testes de internet. mas não posso negar, acabo respondo a todos. ou quase.

e como esse foi feito por alguns amigos que considero bastante, resolvi brincar. o resultado não poderia ter sido mais gay, muito embora as coisas sobre o número 3 e o elemento água estarem bem de acordo com o que já disseram outras fontes mais confiáveis.

mas que unicórnio é coisa de viado, lá isso é. pra piorar, além de corno é "fanta" (só tratam o bicho de her)! e essa alcunha de "o inocente"...puá! na minha terra isso tem outro nome.

bostejando testes...tsc, tsc. você está mesmo virando um nerdão. aonde isso vai parar, xará? e ainda por cima ser essa a primeira imagem colada aqui, rapá? você definitivamente já foi melhor...

uni
You are Form 3, Unicorn: The Innocent.

"And The Unicorn knew she wasn't meant to
go into the Dark Wood. Disregarding the advice
given to her by the spirits, Unicorn went
inside and bled silver blood.. For her
misdeed, the world knew evil."


Some examples of the Unicorn Form are Eve
(Christian) and Pandora (Greek).
The Unicorn is associated with the concept of
innocence, the number 3, and the element of
water.
Her sign is the twilight sun.

As a member of Form 3, you are a curious
individual. You are drawn to new things and
become fascinated with ideas you've never come
in contact with before. Some people may say
you are too nosey, but it's only because you
like getting to the bottom of things and
solving them. Unicorns are the best friends to
have because they are inquisitive.


Which Mythological Form Are You?
brought to you by Quizilla

18 março 2004

o recruta jorge duílio lima menezes e outras coincidências

acho que minha paixão por jorge ben é genética. ontem lembrei-me de uma conversa que tive com minha mãe, há alguns anos, quando não tocava outra coisa no meu toca-discos (sim, queridos, sou praticamente jurássico...hoje me arrependo de ter me desfeito da vitrola).

contava-me ela que, com mais ou menos treze anos, freqüentava muito a casa de uma prima por afinidade, que anos mais tarde viria a ser minha madrinha. Esta já era casada com meu padrinho, um bem-sucedido editor de jornal, cujo irmão mais novo estava servindo o exército. e sempre que deixava o quartel, ele dava um jeito de visitar seu irmão mais velho, no leme, levando consigo um colega, acompanhado de um violão. eles passavam horas sentados no quarto de empregada, cantando e tocando. minhã mãe e sua irmã caçula acabavam ficando por ali também, curtindo o som.

O rapaz do violão chamava-se jorge duílio lima menezes, anos mais tarde conhecido internacionalmente como jorge ben, e depois, ben jor (para acabar com as confusões entre ele e o george benson no exterior).

aliás, meus pais têm algumas histórias curiosas ligadas ao mundo artístico - embora nunca tenham feito parte dele:

- quando era menina, minha mãe teve aulas de violão com um certo "seu meira", que como ela, morava em são francisco xavier, entre o maracanã e o rocha, ao lado da estação de mangueira. seu professor era ninguém menos que jayme thomas florêncio, vulgo "meira", que junto com horondino jose da silva, o dino 7 cordas, e waldiro frederico tramontano, o canhoto (cavaquinho), formavam o grupo que gravara os discos clássicos do cartola pela marcus pereira discos.

na abertura de amor proibido (do seu primeiro disco, gravado em 1974, aos 65 anos), cartola chama o dino, meira, canhoto e gilberto (surdo e pandeiro) para "mandar brasa".
(discografia e repertório aqui.)

- meu pai, então tenente do exército, teve algumas dores de cabeça por conta da disciplina e o desleixo sistemático de um certo "sargento martinho", que servia em sua companhia. logo em seguida, ele deixaria o exército e se tornaria mais conhecido como martinho da vila.

grampearam o naya

acho que o sergio naya devia ter um desejo reprimido de ser preso.
afinal, que outro motivo levaria um sujeito que quer sair do país incógnito a vestir-se todo de prateado, como se fora um astronauta de escola de samba?

17 março 2004

reencontro triunfal com o babulina

acabo de confirmar uma suspeita muito antiga: jorge ben é, na minha tosca opinião, o melhor músico brasileiro desde noel rosa. não pela qualidade das composições e arranjos, mas pela força e originalidade dos mesmos; e pelo suíngue único do seu riff de três acordes, aparentemente simples, mas de uma integridade inédita na música brasileira.

não à toa o caboclo tá nas paradas há mais de quarenta anos(!). com o seu samba esquema novo, ele criou um ramo à parte na música popular brasileira. rendeu diversos frutos, mas nenhum que sequer se aproximasse do seu gênio. pérolas em sua discografia não faltam: a tábua de esmeraldas (1972), áfrica brasil (1976), o bidú - silêncio no brooklin (1967), são apenas alguns.

mesmo quando enfrentou um período menos inspirado nos anos 80 (culpa da produção do liminha?), lapidou algumas jóias eternas. foi mais ou menos então que o descobri. na época de garimpagens musicais da adolescência que acabaram redundando na criação do cordão do boitatá anos depois, joão (juan gris), meu velho amigo de sempre, aparece com vários discos dos anos 70 do "babulina", emprestados de um outro amigo. foi uma epifania. logo estávamos cantando suas canções em rodinhas de amigos, cuja reações era de um espanto divertido. logo em seguida, o bidú explode no brasil inteiro com w/brasil.

assisti a tantas apresentações que já conhecia de cor o roteiro das músicas. e por conta disso, acabei indo parar no palco do teatrão da uerj, empurrado por amigos, para cantar o refrão de ela veio da costa do marfim ("pega a mulher do 22, ganha a mulher do 22, beija a mulher do 22, ama a mulher do 22"). antes de sair de cena, completamente elétrico, resolvi não deixar o momento escapar e dancei no palco. foi uma ovação. dois anos depois, ainda tinha gente que perguntava se eu não era o cara do show da uerj.

as letras, entre líricas, místicas e completamente absurdas, contêm um alto astral impressionante, capaz de espantar a depressão mais encravada. até a música que ele fez para sacanear o roberto carlos quando ele deu - segundo a lenda - uns pegas na fafá de belém ("roberto corta essa, lugar de dragão é na caverna"), o tom é bem-humorado.

por recomendação do dudu, baixei o soulseek, e pude reencontrar músicas que não ouvia há mais de dez anos. baixei inteiro o solta o pavão (1975), que está entre os três melhores álbuns (se é que consigo fazer esse tipo de classificação, fã babão que sou). a veia religiosa ainda está forte, bem como o nonsense, como cuidado com o bulldog. das do primeiro tipo destaco jorge de capadócia, que a fernanda abreu transformou numa bobagem dançante, esvaziando-a de sua forçaa de oração; luz polarizada (hermética como hermes tri, da tábua de esmeraldas, e mais as duas a seguir:

Assim falou Santo Tomaz de Aquino

A semelhança da criatura com Deus é tão imperfeita que não chega a ser um gênero comum
Pois certos nomes que implicam relação de Deus com a criatura
Dele se predicam temporariamente e não são eternos, não são eternos...
Deve se saber que quem ensinou que a relação não é uma realidade da natureza, e sim da razão
Estão enganados, puramente enganados, estão errados, puramente enganados
Deus não é uma medida proporcionada ou medida
Por isso não é necessário que esteja contido no mesmo gênero da criatura
No mesmo gênero da criatura, da criatura

Por isso dobro meus joelhos diante do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
Do qual toda Sua sábia paternidade toma o nome nos céus e na Terra
Assim falou Santo Tomaz de Aquino

"Senhor, que tens tido feito o nosso refúgio"

...
(só jorge ben para transformar filosofia em letra de música, e ainda por cima, com tamanho suíngue...não é à toa que dizem que ele consegue musicar até bula de remédio...)

Velhos, flores, criancinhas e cachorros

Deus Todo-Poderoso, eterno pai da luz, da luz
De onde provém todos os bens e todos os dons perfeitos
Imploro Vossa misericórdia infinita, infinita
Deixai-me conhecer um pouco de Vossa sabedoria eterna
Aquela que circunda o Vosso trono que criou e fez, que tudo faz e conserva tudo
Fazei-me digno, enviando do céu pra mim, pra mim
Imploro por Vós e por Jesus Cristo, por Jesus Cristo
A pedra celeste e angular, miraculosa, miraculosa
estabelecida por toda eternidade, maravilhosa, maravilhosa
Que comanda e reina convosco, que comanda e reina convosco
Meu Deus Todo-Poderoso

Mas eu preciso salvar os velhos,
Eu preciso salvar as flores,
Eu preciso salvar as criancinhas e os cachorros

11 março 2004

o selo do bush

piada circulando na rede:

The U.S. Postal Service created a stamp with a picture of President Bush
to honor his important achievements. In daily use it was shown that the stamp was not sticking to envelope.

After a month's testing, a special presidential commission made the following findings: The stamp was in perfect order. There was nothing wrong with the applied adhesive. People were simply spitting on the wrong side.

quino também é abduzido

conforme disse há um tempo atrás, o quino também teve sua personalidade abduzida por um texto que anda circulando pela internet em seu nome. esse mesmo texto já circulou há alguns anos pelo brasil, numa versão menos vulgar, com a autoria atribuída então ao charles chaplin.

pelo menos, o quino tá vivo para desmentir...sorte que o chaplin não teve.

Madri é alvo do pior atentado já ocorrido na União Européia

esses atentados do eta em madrid me arrepiaram o espinhaço. tive meu "batismo" com o grupo separatista hidrófobo em 1997, quando estava dando uns bordejos pela espanha, atrás de touradas, andaluzas e resquícios da ocupação muçulmana (não necessariamente nessa ordem). deu pra sacar um pouco do drama dos espanhóis.

chegara à capital depois de uma noite de trem, vindo de paris. a primeira impressão da cidade, ao sair do metrô para as ruas da puerta del sol, foi ouvir um carro tocando skank. por um segundo, achei que estivesse de volta ao brasil. e saí para trocar alguns traveller's por pesetas. como era sábado, demorei um pouco até achar uma casa de câmbio aberta que não me enfiasse tanto a faca.

eis que, já de posse de algum erário, ouço um rumor surdo vindo do topo da calle mayor. uma baita passeata, pouco depois das nove da manhã. "uau!", pensei. na época, eu trabalhava para um jornal independente comunistaço aqui no rio, e era o único na redação que nunca havia participado de uma manifestação, levado uma borrachada da polícia, ou ido parar numa delegacia.

saquei minha "canonzinha" turística e larguei o dedo. quando avistei alguns reporteros, me apresentei como colega brasileño, e, com meu espanhol aprendido através de histórias e quadrinhos, almodóvar e bigas luna, pude apurar o motivo da mobilização: o eta tinha seqüestrado miguel angel blanco, político de 29 anos. em troca de sua vida, exigiam a libertação de prisioneiros bascos em 48 horas. senão, kaput!

enquanto a multidão se concentrava na puerta, conversei com algumas pessoas (meu espanhol se mostrava melhor do que eu mesmo supunha), e parti na minha jornada turística. de noite, volto. estão todos lá ainda, aos gritos de "basco, sí, ETA no!", com cartazes "basta ya!", decorados com desenhos de mãos abertas e fitas azuis. "pô, povo politicamente organizado", pensei, numa comparação besta com nosso zé povinho.
no dia seguinte, acordo. eles ainda estão lá. com o mesmo ânimo. "esses caras são duros na queda. será que vão ficar aí o dia inteiro?". museo del jamón, metrô, touradas, prado (muito mais exuto e significativo que o louvre, na minha opinião).

na volta, a mesma coisa. "não é possivel! vagabundo não tem casa! arrego...". no dia seguinte, o governo não arredou, e miguel foi mandado para a terra do pé junto. cara, baixou um manto de tristeza na cidade. até os guardinhas do reina sofía usavam tarjas de luto. não fiquei lá por muito mais tempo. me sentia um biltre por estar buscando diversão enquanto todo mundo viva uma baita ressaca moral. dali fui direto para córdoba, desperdiçando a oportunidade de ver de perto a terra do meu mestge el greco, toledo, e o escorial.

a partir de então, comecei a duvidar da legitimidade de certas formas de pressão...

depois de jorginho guinle...

paulo niemeyer, neurocirurgião exemplar e gente-boa toda a vida (coleguinha de bisturi de tatipiv), a partir de agora dispõe de uma eternidade para usar as mãos no aprendizado da harpa.

enquanto isso, os malufs, inocêncios, sarneys, hildebrandos, amazoninos, acêemes e jáderes vão tomando conta da terra. e espero que, pelo menas, acumulando milhagem para fazer sauna de enxofre.

Talibã britânico era só um mochileiro

deu no jb. também poderia ser intitulada "como a ignorância estadunidense contribui para a formação de potenciais terroristas". ou alguém duvida de que passar uma temporada em guantánamo, por "enguánamo", terá conseqüências diferentes?

"mantenga el peru límpio"

calma, cabeças pervertidas (epa!). para entender o sentido real da frase acima, é preciso acompanhar os ótimos relatos de viagem do meu bróder dude, em suas recentes incursões pelos buracos (epa!), da américa do sul. com fotos! ele vem se superando, principalmente, depois inaugurou domínio próprio.

essa "bicha" está ficando impossível...

10 março 2004

mais música

normalmente, acho um pentelho ficar lendo letra de música em blogs alheios. mas infelizmente, não consigo fugir à regra. achei essa pérola da dupla joão bosco-aldir blanc. na minha ignorante e presunçosa opinião, o lennon & mccartney do canal do mangue, o george & ira do subúrbio. a dupla pariu uma série de discos antológicos nos anos 70, mesclando poesia e altas doses de cafonália nacional (acredito que - graças a deus! - somos todos cafonas. um dia escrevo sobre isso, embora desconfie que alguém muito mais qualificado já o deve ter feito...).

baixei sem querer a música a seguir, que posteriormente descobri ser da trilha sonora da novela "gabriela" - o que reforça a minha tese de que as músicas por encomenda de antanho eram de qualidade infinitamente superior. como os compositores...

Doces olheiras

Escândalos, paixões e correrias
Têm sido assim os meus dias
Pela cidade de Ilhéus

Todas caem no meu laço,
Desde a filha de Maria
À bailarina dos véus
Das damas às cozinheiras,
Ninguém resiste ao mormaço
Das minhas doces olheiras

Falante, elegante, mau-caráter
Cafajeste irresistível, grande galanteador
Também um sóbrio chefe de família, liberal conservador

Sou amigo dos amigos, mas se é por uma donzela
Posso até ser surpreendido fugindo pela janela

Eu vivo entre mulheres levianas
Raparigas, solteironas e viúvas
Sirigaitas, doidivanas, perfumes leques e luvas

Aprendi que em cada uma há um gosto que é só dela
Que vai do sal do veneno passando pelo sem gosto
Até o cravo e a canela

pé de pato, mangalô, trêis veiz!

antigos espíritos do mal, transformem esta forma decadente em mumm-ra, o mal sempre vivo!

sessão de exorcismo segundo o evangelho buarque-jobiniano:

Retrato em branco em preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E voc? sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

...
no meu tugúrio (valeu, salsão!) mando eu. os bostejos são decisões exclusivas minhas, e portanto, inalieníveis. trocando em miúdos, quem manda nessa baiúca sou eu!
como diria o sábio lourenço mutarelli, "a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei". uma pena que suas histórias do cybercomix estejam dando chabú.

para ti, para mim, para nós...

cheguei agora de noite, há umas três horas, de paraty. tivemos uma reunião para acertar a assessoria de imprensa da II Folia Gastronômica de Paraty. ida e volta no mesmo dia, depois de uma noite pouquíssimo dormida. um teste de resistência e tanto. estou tão moído de sono e cansaço que vai ser até difícil dormir. o que salvou foi uma sonequinha de 45 minutos antes da reunião, esticado num banco da praça em frente à igreja matriz, e um belo filé de peixe à ponta negra, no banana da terra. coisa dos deuses.

é isso. nesse mês de março, vivo uma sinuca de bico: a entrega da famigerada dissertação (parafraseando galileu galilei, "e no entanto, NÃO se move"), e uma viagem inesperada para conhecer um novíssimo cliente em arraial d'ajuda no fim de semana.

podem me invejar, tacar pedras e xingar toda a minha ascendência, mas a verdade é que essas viagens raramente são turísticas, no sentido de lazer. é óbvio que sempre me divirto pacas, mas a cota de trabalho é diretamente proporcional. (rolos à parte, gostaria de registrar que os últimos dias têm sido esplendorosos. como se usasse óculos 3-d, as coisas adquiriram um viço quase inaudito...imaginem, meus caros nerds, um emoticom com cara de bobo, a ponta de uma linguinha escapando por entre um sorriso de orelha a orelha. é mais ou menos como estou...)

devo ficar fora do ar por alguns dias, mas é por uma ótima causa. se houver o que contar, contarei. quem viver, talvez veja...

06 março 2004

notícia velha

ontem não deu para comentar, mas a morte do jorginho guinle me deixou tristão. o cara era o meu modelo secreto: rico, nunca suou uma camiseta com (argh!) trabalho, teve as mulheres que quis, nas camas que escolheu. ainda por cima, era proprietário de uma mega coleção de discos de jazz, e deve ter assistido vários "monstros" ao vivo.

na minha sociedade perfeita, todos seriam jorginhos guinle.

numa entrevista, não lembro pra onde, ele confessou que conheceu marilyn monroe quando ela ainda galgava os primeiros degraus da fama em hollywood. numa das inúmeras farras que freqüentou, ela fazia parte da trupe de moças contratadas para "entreter" os mancebos. ao perguntado sobre os atributos da moça, então, ele sapecou:

- aplicava um ótimo trabalho de sopro - sentenciou, com seu tradicional sorriso, entre plácido e maroto.

compromisso casas bahia

há um tempo atrás (aprendi a puxar link de dentro do prórpio blog! o problema é a preguiça de procurá-los), bostejei que viria o dia em que cantaria the man in me, do bode dylan. acho que ele chegou (rubores à parte):

The man in me will do nearly any task,
And as for compensation, there's little he would ask.
Take a woman like you
To get through to the man in me.

Storm clouds are raging all around my door,
I think to myself I might not take it any more.
Take a woman like your kind
To find the man in me.

But, oh, what a wonderful feeling
Just to know that you are near,
Sets my a heart a-reeling
From my toes up to my ears.

The man in me will hide sometimes to keep from bein' seen,
But that's just because he doesn't want to turn into some machine.
Took a woman like you
To get through to the man in me.

05 março 2004

ave, lúcifer

não, queridões, não tô fazendo apologia ao tinhoso. é mutantes. ave!

Ave, Lúcifer
(Arnaldo Baptista/ Rita Lee/ Élcio Decário)


As maçãs
Envolvem os corpos nus
Nesse rio que corre
Em veias mansas dentro de mim
Anjos e arcanjos
Não pousam neste Éden infernal
E a flecha do selvagem
Matou mil aves no ar
Quieta, a serpente se enrola
No seus pés
É Lúcifer da floresta
Que tenta me abraçar
Vem, amor
Que um paraíso
Num abraço amigo
Sorrira para nós, sem ninguém nos ver
Prometo a
Meu amor macio
Como uma flor cheia de mel
Pra te embriagar, sem ninguém nos ver
Tragam uvas negras
Tragam festas e flores
Tragam copos e dores
Tragam incensos odores
Mas tragam Lúcifer pra mim
Em uma bandeja pra mim

esse estranho povo ao norte do rio grande

hoje tive um dia cão, cheio de complicações a resolver. ao chegar em casa, entretanto, achei que tinha encontrado uma possibilidade de um pouco de diversão: o edonkey tinha acabado de baixar a tão falada paixão de cristo do mel gibson.

qual o quê. a porra do filme era um pornô lésbico chamado girl crazy. por mais que não me desagrade de todo (como a maioria macha) ver "ar mulé" botando aranha pra brigar, confesso que fiquei puto. já não é a primeira vez que uns fiodumaégua trocam nome de filme, só pra receberem mais requisições. o que me desopilou o fígado foi a mensagem inicial do filme - primeiro indício de que talvez não fosse o filme que eu esperava:

The sexual activities depicted in this Video/DVD may be medically harmful. In addition, they are NOT necessarily healthy, safe or suggested.

só americano mesmo pra colocar um aviso desse numa fita pornô. não me admira que há quem os considere os portugueses que deram certo...

fico só imaginando a surpresa das senhorinhas que porventura baixarem essa "paixão de cristo...

nina em êxtase

gosto de umas coisas bem das esquisitinhas.
com direito à vozinha de criança e um sutil órgão de igreja ao fundo. e mais nada. bonita de doer. e dói. mas é bom doer às vezes. mesmo que a gente não saiba bem por quê.

Nina In Ecstasy
(PJ Harvey)


I’m Nina
I feel love
I’ll be safe
I’ll be yours
Ever more
I’ll be safe

Mama

Once Nina
Was a young girl
Now she’s dead
Grew older
Grew colder and
Lost her way

Mama

Where’s your mama gone"
Where’s your mama gone"
Where’s your mama gone"
Where’s Your mama gone"
Far, far away
Far, far away

03 março 2004

paulo vanzolini é rei

contariando todas as expectativas e clichês que rondam o mundo do samba, paulo vanzolini não é carioca, preto ou pobre. o compositor paulista é zoólogo doutorado por harvard, e branco como uma porta. é uma pena que ele não toque sem parar, porque o camarada é muito bom. ano passado saiu uma caixa reunindo sua obra, que o salsão muito sabiamente comprou. dela, separei essa peróla. tentem visualizar as situações que ele descreve (quase caí da cadeira de tanto rir, na prmeira vez que a ouvi):

Não vou na sua casa

Não vou na sua casa e não é à toa
Eu ando ressabiado com sua patroa
não sei se ela achou graça
Nós entrarmos na cachaça
Em companhia da empregada.
Você diz que não é nada, mas acho capaz
De ela estar zangada.
Demos risada de eu rolando pela escada
Rimos bastante com você em cima da estante,
E a Balbina, subindo pela cortina, Estava coisa muito fina,
Estava mesmo um amor.

Mas sua patroa, apesar de boa pessoa,
Inda não sei se ela tem senso de humor.

Você de cinta e sutiã estava uma uva
e o maiô dela me caiu como uma luva
E a Balbina, toda cheia de fricote,
Como Vênus Hotentote pôs Brigite no chinelo,

Mas sua senhora, estou pensando até agora,
Se ela estava rindo branco ou amarelo.

diálogo entre ibn rushid e um discípulo

ibn rushid, também conhecido como averróis, foi um dos responsáveis pela introdução do pensamento aristotélico na europa, enquanto nossos antepassados ainda praticamente balançavam-se em árvores.

filho de gente bem, baseado em córdoba, na espanha, foi discípulo de ibn sina (avicena), e estudou quase tudo o que existia de ciência em seu tempo. revirando minha papelada, encontrei um diálogo dele, do qual reproduzo um trecho:

- Mestre Ibn Rushid, qual será então a melhor sociedade?

- Aquela em que se dê a cada mulher, cada criança e cada homem os meios para desenvolver todas as possibilidades que Deus lhes tenha dado.

- E que poder poderá estabelecê-la?

- Não se trata de uma teocracia como as dos cristãos da Europa, de um poder de religiosos. Deus, diz o Alcorão, insuflou no homem seu espírito, façamo-lo viver de verdade em cada homem!

- Quais serão as condições de uma sociedade assim?

- Uma sociedade será livre e, portanto, agradável a Deus, quando ninguém atue nela nem por temor ao príncipe, nem por temor ao inferno, nem pelo desejo de uma recompensa cortesã, ou do paraíso. Quando ninguém diga mais "isto é meu!"

sonho estranho

acabei de despertar de um sonho estranhíssimo. depois de enfrentar um temporal, chego na casa de campo de um tio (a casa realmente existe). tomo um banho, e aí começa a parte da qual realmente me lembro. chego na sala e vou cumprimentar os parentes, que estão sentados um tanto bovinamente em frente à televisão. esta, que por sua vez, está na frente da lareira acesa. entre eles está minha irmã. depois dou a volta no sofá para falar com meu tio, que encontra-se sentado numa mesa, mais atrás. há outra pessoa com ele, que não identifico agora. me aproximo, ele está com um copo de uísque na mão. delicadamente, não me deixa beijá-lo, e pergunta quantos anos tenho:

- é que fulano vem aí para jantar, e a filha dele tem mais ou menos a sua idade, e pensei que talvez você fosse gostar dela. - agradeço a lembrança, um tanto constrangido pela sua rudeza etílica, que nunca vi antes. e me sento na outra cabeceira da mesa. do meu lado, há outra televisão ligada, que passa um documentário sobre a genial carreira de meu tio.

conta o locutor como ele uma vez largou os convidados inesperadamente, no meio de uma visita à essa mesma casa de campo, sendo encontrado em seguida, em pé no seu quarto, escrevendo mais uma leva de seus geniais versos. entre os quais, o locutor destacava aqueles que provavelmente ficariam gravados na história como seu epitáfio (que me soaram o supra-sumo do mau gosto):

...e pouco me importa
se não reconheço o estilo de Gabo
neste mal-traçados versos:
só sei que tenho 26 anos,
estou desempregado,
sou bom de cama,
e tenho uma lista de resoluções
escrita com lápis vermelho
que inclui entre as prioridades
um encontro marcado com a felicidade,
a despeito de mim mesmo.

...
nesse ponto despertei imediatamente, as palavras ainda borbulhando, quentes. salvo um ou outro lapso, é isso mesmo. por sorte, um bloquinho estava perto da cama. e aqui vai o detalhe cômico: antes de dormir, eu estava lendo cartas a um jovem poeta, do rilke.

02 março 2004

perla

a família do meu pai é toda do sul, de lages (sc) e vacaria (rs). por isso, quando ia à casa da minha avó (com quem morei recentemente), de vez em quando ouvia uns troços tipo teixerinha (do churrasquinho de mãe), renato borghetti e perla (kleyton e kledir já era muito pra-frentex). desde então, sempre nutri um certo quebranto pela cantora paraguaia. verdade, gente, fico falando dessas músicas metidas a besta, mas não posso ouvir índia, que me dá um arrepio.

enquanto estava no bostejo anterior, ouço da sala um som altíssimo de guarânia. achando que a febre tinha finalmente fritado os miolos do salsão, fui ver o que estava acontecendo. era um regional tocando no ratinho, enquanto uma menina de uns 19 anos pedia uma harpa, que ela amava, mas não tinha condições de comprar. seu namorado atá havia construído um arremedo de instrumento (epa!) para ela. e a danada (a harpa, não a menina) era realmente bem-feitinha.

no fim, ela acabou recebendo uma de verdade das mãos de ninguém menos do que a perla, em pessoa. e não é que ela continua bonita? o tempo a tem tratado bem... toda vestida de rendas vermelhas, com aquele cabelão característico. e ainda por cima cantou índia. e por um momento, me lembrei daquela criança que fui, "pequenino e cabeçudo como um anão de velásquez" (não resisti, mas o trecho entre aspas é do nelson rodrigues).

recaída

tive uma recaída de led zeppelin. me peguei (começando frase com pronome oblíquo de novo, não tenho jeito) cantarolando a melodia de the rain song. corri para baixá-la, e o resto do houses of the holy. os fãs podem me encher de porrada, mas é o disco deles que eu mais gosto (daí em diante, não tenho a menor idéia do que o grupo tocou. não conheço os discos posteriores). especialmente o clima soturno de no quarter.

apesar de adorar robert johnson, acho blues um pouco chato, e não gosto muito de hiper-solos-de-guitarras-virtuosíssimas (a não ser quando o negócio é debochado, como o stevie ray vaughn tocando com o frank zappa, ou o próprio). por isso acho o houses... mais redondinho, mais sonoro.

a queda do governo do haiti foi armada!

parem as máquinas! o presidente do haiti, jean-bertrand aristide contou por telefone à congressista californiana, maxine waters, ter sido sequestrado por diplomatas americanos para a áfrica do sul sob ameaça de morte, em vez de ter renunciado.

a notícia inteira está no democracy now, com mais análises no info activist media exchange.

1933 foi um ano ruim

dando seguimento à minha saga de enrolar a dissertação além do prazo, no finde li, de uma tacada só o livro "novo" do john fante, cujo título ilustra o presente bostejo. bom, muito bom. mas muito bom mesmo. sabe quando você topa com uns livros que dizem exatamente o que precisa ouvir naquele momento? pois é, foi o que aconteceu comigo, do nada. às vezes dou uma sorte danada...

sábado de manhã saí para encontrar uma amiga no largo do machado, para receber a grana de um frila de janeiro. fomos tomar um café no "pão de minas" (aqueles quiosques que vendem pão de queijo). na saída, me vi de novo na banca em frente às sendas. como o bolso recheado com uns caraminguás, fui, como quem não quer nada, dar uns bordejos nos livrins de bolso. (porra, ando fazendo um marketing desgraçado pra l&pm, acho que deveria receber algum por isso.) aí achei o fante.

de noite já o tinha traçado. dei uma bela pausa à tarde, só para prolongar um pouco mais o desejo. como uma alça de vestido que escorrega pelo ombro e fica quase a ponto de revelar um seio. mas só quase.

o personagem principal mudou de nome, é dominic molise, em vez do velho arturo bandini. mas a situação continua com fortes referências autobiográficas: durante um daqueles invernos gélidos do colorado, rapaz à beira dos 18 anos sonha em ser rebatedor de beisebol enquanto enfrenta seu cotidiano miserável, com direito à mãe carola, penca de irmãos menores, e pai pedreiro, desempregado, jogador de sinuca e eventualmente adúltero.

falando assim, parece uma leitura deprê, mas não. fante tem um carinho enorme pelos seus personagens. ele cria seres humanos reais, vivos, com alma. gente como eu ou qualquer um, patético na maioria das vezes, mas sempre humanamente sublime. não há como não se identificar.

recomendo.

ps: a título de curiosidade, no texto sobre o blog que está no topo da página, a expressão "amigo de homem e de besta", foi retirada de pergunte ao pó, do fante.

ps2: tem gente por aí que está achando que sou um bebum, acredito que pelo conteúdo dos textos e pelas referências. na verdade já bebi bastante, quando meu fígado era mais pujante. hoje não posso mais me dar a esses luxos. prefiro falar a respeito.

quino e fontanarrosa

a maffalda me lembrou de sua quase xará, de autoria do quino, desenhista argentino que definitivamente não precisa de introdução. acho que todo mundo com um mínimo de acesso à imprensa de massa já viu pelo menos um desenho seu, mesmo sem saber.
(notem pelo seu site que ele também foi vítima da praga dos textos falsos que pululam pela internet. aliás, acho que vou iniciar a campanha "não repassem textos de autores famosos, a não ser que você tenha certeza absoluta da autoria". ok, o slogan ainda precisa ser trabalhado. mas já é um começo.)

já o "negro" (apelido de todo argentino moreno) fontanarrosa é praticamente desconhecido por aqui. a única coisa que saiu publicada dele no brasil foi boogie, o seboso (boogie, el aceitoso), pela l&pm, em 1988. foi ali que conheci e me apaixonei por seu traço & humor. boogie é um assassino de aluguel machão, homofóbico, racista e meio misógino. criado nos anos 70, era uma paródia do dirty harry. pena que a qualidade das reproduções que encontrei não seja das melhores.

dono de um humor muito inteligente e ágil, acho que o grande culpado do total desconhecimento no brasil do fontanarrosa deve-se ao seu personagem principal, inodoro pereyra, el renegau, que existe há mais de 20 anos. inodoro (que em espanhol significa "privada") é un auténtico gaucho de la pampa, que vive num ranchinho com sua mulher eulogia, e seu cachorro falante, mendieta. o problema é que os textos são escritos numa linguagem muito típica do interior, com expressões próprias e com erros de grafia, para se assemelhar mais à fala da gente local. a começar pelo próprio título, "renegau" na verdade deveria ser "renegado", como em português.

daí, meus caros, que é foda de entender. quando consegui os primeiros livros, trocados com um amigo que os surrupiara de um tio mais velho, levei-os para um camarada que manjava o idioma, e obtive como resposta que aquilo não era espanhol. anos depois é que pude contar com um auxílio luxuosíssimo, que me ajudou um tanto com a língua e as piadas.

para quem quiser se aventurar, há alguns trechos de tirinhas em estado pouco melhor, que dão uma idéia do inodoro, por aqui.

01 março 2004

odômetro a mil

em face dos últimos acontecimentos (quem acompanha sabe), passei, em menos de uma semana, de 306 no conta-giros, para a impressionante marca de 181, superando inclusive meu amigo dude. sem fotos ou piadinhas, senhoras e senhores!

acho que se tivesse escrito algo atribuindo alguma parte menos publicável da anatomia feminina à britney spears, por exemplo, não teria tido uma ascensão tão meteórica. impssionante! isso é que eu chamo de fama às custas dos outros...(hahaha). sim, babe, não foi sua qualidade literária que inflacionou os acessos...

coconut

procurando a trilha sonora do cães de aluguel, do quentin tarraqueta, acabei de baixar uma música deliciosa, misto de reggae, mantra e galhofa: coconut, de um caboclo chamado harry nilsson. vale a pena. é a coisa mais divertida que ouvi nos últimos tempos. e não dá vontade de parar. recomendo com ênfase.

Coconut

Brother bought a coconut, he bought it for a dime
His sister had another one, she paid it for a lime.
She put the lime in the coconut, she drank them both up
She put the lime in the coconut, she drank them both up
She put the lime in the coconut, she drank them both up
She put the lime in the coconut, she called the doctor, woke him up,
And said, "Doctor, ain't there nothin' I can take,
I say, Doctor, to relieve this belly ache?
I say, Doctor, ain't there nothin' I can take,
I say, Doctor, to relieve this belly ache?"
"Now let me get this straight ",
Put the lime in the coconut, you drank them both up
Put the lime in the coconut, you drank them both up
Put the lime in the coconut, you drank them both up
Put the lime in the coconut, you called your doctor, woke him up,
And say, 'Doctor, ain't there nothing I can take,
I say, Doctor, to relieve this belly ache?
I say, Doctor, doctor, ain't there nothin' I can take,
I say, Doctor, dooooctor, to relieve this belly ache?'
Put the lime in the coconut, drink them both together,
Put the lime in the coconut, then you feel better,
Put the lime in the coconut, drink them both up,
Put the lime in the coconut, and call me in the morning
Wouh wouh wouh wouh wouh


... repete ad eternum, com pequenas variações.

lembrando peanuts

citei o joe cool e imediatamente me invadiu uma onda de notalgia pelos peanuts. eu era fascinado pelo snoopy. charlie brown foi a primeira personificação de uma angústia que eu só consegui realmente entender na adolescência, em meio aos fluxos alucinados de hormônios, desejos e frustrações comuns ao período (ah, a garotinha ruiva...).

pô, pensando bem, o schulz nivelava por cima: ao humor do charlie brown é reflexo direto do existencialismo (lembrem-se que a tirinha é de do começo dos anos '50), a trilha sonora é jazz (tem até um disco com o ellis e winston marsalis - pai e filho - reproduzindo as músicas do desenho animado), a lucy tem uma barraca de psicanálise, o schroeder gosta de beethoven, a peppermint patty é hippie, o snoopy viaja que é o barão vermelho e gosta de dar uns beijos nas meninas da tirinha. sem mencioinar os outros...

o filho direto dos peanuts - turbinado - é o calvin. em dez anos, bill watterson fez uma crítica sutil e inteligentíssima ao cinismo e o individualismo do fim dos '80/início dos '90 (eu tenho a edição comemorativa). obra-prima de texto e desenho. e o bill ainda por cima era raçudo: não liberou o licenciamento de produtos com seus personagens, e quando sentiu que seu ciclo deles tinha se esgotado, dignamente parou de desenhá-los. pena que não se veja mais nada dele. já andei procurando na rede, mas nada de novo encontrei.

e ainda vem me falar de garfield. puá! nunca gostei de garfield. acho depreciativo, negativista. pra começo de conversa, ele é castrado. claro! um gato gordo daquele jeito, ter um humor amargo daqueles, e ainda, por cima, não gostar de fêmeas (ok, a arlene não é nenhum modelo de beleza, mas...). só se for castrado. e de castrados já bastamos nós. tô fora.

só para terminar, ainda me lembro do dia em que, indo para o trabalho, casualmente compro o jb para ler no trajeto, abro nos quadrinhos e dou de cara com a nota de despedida do schulz. isso foi em 2000, quando ainda morava no jardim botânico. triste, triste...

exposição da figura

hoje fui dar uma olhada naquela ferramentinha que instalei para contar os giros aqui, e tomei um susto: uma pá de gente (comparando à falta de público usual)googando com trechos inteiros de um bostejo meu dedicado a tatipiv, há um tempinho atrás. não tava entendendo nada, até entrar no site dela e descobrir que ela o havia reproduzido inteiro. as reações foram diversas:

1) fiquei totalmente envergonhado, como se tivessem arrancado minha roupa dentro das lojas americanas em véspera de páscoa. não esperava tanta repercussão, no máximo que ela um dia por acaso o lesse, e ficasse curiosa em conhecer o autor - o que nos leva para o número 2;
2) fiquei satisfeito de ter sido descoberto. muito. há algum tempo acompanhava as andanças virtuais dela com crescente interesse. interesse este que, depois de ver suas fotos, aumentou. depois de vê-la ao vivo, então, foi ao espaço. mas, voltando ao assunto, achava muito estranho viver nessa espécie de voyeurismo informático. não sei, sou novo no ramo, e apesar de um primo ter até arrumado namorada em chat, tudo isso ainda soa um pouco bizarro para mim. de qualquer forma, achava necessário aparecer. mas nada foi planejado. abri meu coração e as coisas aconteceram. "simplicidade antes de tudo, gafanhoto", diria o mestre pô (os mais velhos entenderão a piada);
3) saber que alguém que me interessa (e não tenho pudor de confessá-lo) lê as bagaças que escrevo, me deixou numa certa ansiedade féladaputa. sim, porque algum dia acabaremos por nos esbarrar por aí, isto é fato. mas até a esperada data, não gostaria de perder o contato, e tampouco de impregná-la. ou tentar impressionar. o lance é seguir sereno, e seguir o fundamento básico de joe cool, "na dúvida, mantenha o charme".

se a via-crúcis virou circo, estou aqui. enquanto isso, vamos fazendo figa para que seus problemas de moradia se resolvam...