claro que minha mensagem de natal tinha que vir atrasada. como pude esquecer de the junky's christmas, do william burroughs? enfim fica a dica. o conto virou um filme de animação. dá para baixar aqui em torrent. não pergunte-me como (rs).
e fiquem bem etc., tá?
29 dezembro 2005
conto de natal para adultos
28 dezembro 2005
sejamos bolivianos
Gracias a Pachamama, Madre Tierra, gracias por la Hoja de Coca.
Nosotros, Aymaras y Quechuas, naciones originarias de los Andes, hemos sobrevivido los azotes del hombre blanco hasta el día de hoy gracias a nuestra hoja de coca. Desde el momento en que llegaron a nuestras tierras, los blancos han querido controlar nuestra hoja para su enriquecimiento personal. Siendo la coca uno de nuestros mayores tesoros, han abusado de ella aquí y ahora abusan de ella por el mundo entero. Como no han podido controlarla, están decididos a destruirla.
Ellos han catalogado nuestra hoja sagrada como una droga, la han condenado a ser prohibida y eliminada obligatoriamente bajo convenciones de la O.N.U. sobre drogas. Con estas convenciones, las Naciones Unidas han ofendido y traicionado las naciones Aymara y Quechua.
Bajo el manto de estas convenciones y después de empobrecer nuestro pueblo con sus políticas neoliberales, el gobierno de los EE.UU., primer enemigo de los Indios, ha utilizado sus dólares para sobornar a los oficiales de Bolivia, corromper sus instituciones y enfrentar a los demás Bolivianos contra nosotros. Ultimamente, la embajada de los EE.UU. en La Paz ha puesto en pie una fuerza mercenaria con órdenes de eliminar la coca y a los Indios que la defienden.
¡La coca no es una droga!
Hay que acabar con esta mentira. Ha llegado el momento para acabar con la amenaza de aniquilación de la coca y de nuestro modo de convivencia comunitaria. La hoja de coca nos ha sostenido a través de todas las adversidades hasta el día de hoy; y lucharemos con todo nuestro poder y con ayuda de ella, para parar los desalmados propósitos del hombre blanco.
Por esta razón, las Naciones Unidas deben respetar la coca y sacarla de sus listas prohibitivas.
Por esta razón, los EE.UU. deben retirar todo su material y personal bélico de Bolivia. Han abusado de su estadía. Que vayan a luchar contra el abuso de las drogas en sus propio país.
Por esta razón, los blancos deben terminar su guerra a las drogas y aceptar que nosotros vivimos en paz con la coca. Deben considerar los informes de Harvard University, la institución académica que más valoran, sobre los efectos beneficiosos de nuestra planta.
Pero eso no sucederá sin una intervención nuestra. Tenemos que emerger para la ocasión.
Ha llegado el momento para las naciones originarias de tomar el poder en nuestras manos.
Ha llegado el momento de redimir nuestra planta sagrada. Nosotros hemos aprendido a tratar la planta con respecto y ella nos ha recompensado generosamente.
Desde ahora en adelante no toleraremos más que fuerzas extranjeras dañen nuestra planta. Seremos sus soberanos guardianes.
Aquellas naciones que lo acepten serán nuestras amigas. Les ayudaremos a tratar el abuso de la coca en el seno de sus sociedades.
Aquellas naciones que continúen reprimiendo nuestra planta serán nuestras enemigas y las predicciones de enfermedades y miseria, proferidas por nuestros yaquiris (que cura con la coca) y transmitidas por nuestras leyendas, seguramente se cumplirán en ellas.
Mientras el invasor norteamericano nos persigue, nosotros, los cocaleros (que cultiva la coca) y las naciones originarias, nunca nos olvidaremos del grito de guerra que nace por el dolor de un pueblo:
Causachun coca! Wañuchun yanquis!
¡Viva la coca! Yankee go home!
Como otras plantas, la coca es una medicina, una planta sagrada. Gracias a la coca, hemos soportado innumerables sufrimientos causados por la infame guerra de los blancos contra las drogas.
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já que é para ter governo, que pelo menos tenhamos um que, pelo menos, aparente ser pelo povo. não nos decepcione, evo!
"O Artista que Mudou de Profissão"
É triste ver pela rua na tarde nublada
de gravata e camisa suada
o artista que mudou de profissão
renunciou a seus planos
e já vive longos anos
sem ver um verso passar em seu coração.
do meu conhecido dos tempos de uni-rio, osvaldo pereira. o Olha Zé eu tenho, e assino embaixo. vou correr atrás do novo.
ps: o jogo só termina quando acaba. caí, mas tô só assuntando. quando me levantar, vai ser rabo-de-arraia e pernada pra todo lado. me aguardem.
saturno é o cacete!
meio sem saber, como quem não quer nada (mas não deseja menos que tudo), completei por esses dias a leitura do que, acabei por apelidar de "trilogia libertária". três livros que, ao longo da vida, forjaram minha postura ética/política. são eles:
* discurso da servidão voluntária - etienne de la boétie (presente de 18 anos da minha prima claudia, só muito depois devidamente aproveitado)
* a sociedade contra o estado - pierre clastres
* a sociedade do espetáculo - guy debord
lidos nessa ordem, põe em perspectiva a questão do poder e da dominação em relação 1) ao indivíduo, 2) à comunidade, 3) à sociedade "global" como um todo.
mais tarde, enquanto tecia as relações entre eles foi que percebi a coincidência de os autores serem todos franceses. quanto aos textos, o primeiro e o terceiro eu garanto na rede. já o do clastres, infelizmente...
entretanto, dizem os fariseus que, normalmente, a origem da preocupação excessiva com o binômio poder-autoridade está em problemas na infância com o pai.
pano rápido.
16 dezembro 2005
comunicado
sinto informar aos amigos e eventuais leitores que Multivac, meu computador jurássico, acaba de nos deixar (a mim na mão), depois de anos servindo a mim e a outros donos anteriores. motivo de seu passamento foi falência múltipla de placa-mãe, processador e afins.
em respeito a ele e à tatiana (que não deve ficar tão satisfeita assim de me ver empoleirado na máquina dela, mas, justiça seja feita, jamais reclamou ou sequer deu um muxoxo), os bostejos seguirão num ritmo assaz lento até a substituição do bravo Multivac por um congênere mais adequado às necessidades tecnológicas de hoje.
descanse em paz, Multivac. nós que seguimos sem você o saudamos.
antes de despedir-me, gostaria de transmitir minha mensagem de natal, retirada do fragmento 154 (capítulo vi) do livro "a sociedade do espetáculo", do titio guy debord (lê-se "gui"). a propósito, acho a tradução da editora contraponto é melhor que a do link acima:
"Esta época [atual], que mostra seu tempo a si mesma como sendo essencialmente o giro acelerado de múltiplas festividades, é também uma época sem festa. O que era, no tempo cíclico, o momento da participação de uma comunidade no dispêndio luxuoso da vida, é impossível para a sociedade sem comunidade e sem luxo. Quando as suas pseudofestas vulgarizadas, paródias do diálogo e da doação, excitam a uma despesa econômica excedente, elas só trazem a decepção, sempre compensada pela promessa de uma nova decepção. O tempo da sobrevivência moderna deve, no espetáculo, tanto mais vangloriar-se quanto menor for o seu valor de uso. A realidade do tempo foi substituída pela publicidade do tempo".
fica também registrado como dica de presente de natal. até breve.
12 dezembro 2005
e viva a lucidez!
o texto a seguir é lido por domingos de oliveira no filme "separações".
O Homem Lúcido
O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções
que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer
são o mesmo em matéria de valor
posto que que a vida contém tantos sofrimentos
que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente
é possível cair no abismo a qualquer momento
interrompendo a sessão do circo
Pode tembém o Homem Lúcido
optar pela vida
Aí então Ele esgotará todas as suas possibilidadades
Ele passeará pelo seu campo aberto
pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios
e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo
com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais
e em idade avançada
cercado pelos seus filhos
e pelos seus netos
que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido
uma aura de bondade
Dir-se a:
-Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga
que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem
se iguale sempre à quantidade acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vida
com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com os Homens Lúcidos
*segundo consta, o texto é uma livre tradução, parte de um tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no séc. vi a.c, na caldéia -- parte sul e mais fértil da mesopotamia, entre os rios tigre e eufrates.
09 dezembro 2005
que graham bell não me ouça
estou prestes a me tornar o mais novo feliz "não-proprietário" de um aparelho celular.
eita presentão de natal bão, sô! mehor que isso só ganhando um orangotango e a mega-sena.
"biblioteca livre", eu apóio essa idéia
faça o conhecimento circular, compartilhe suas experiências.
parábola seminal aqui.
08 dezembro 2005
paradoxo de "celão"
"gosto de gente, gosto de bicho; mas não gosto de gente que gosta de bicho".
não sou de eléia, mas também tenho lá meus paradoxos.
06 dezembro 2005
onde há fumaça...
tudo bem que os campineiros não gostem da fama que lhes é normalmente atribuída, mas em que outro lugar do país o estádio de futebol local chama-se "brinco de ouro da princesa"? nem em pelotas.
...eu, hein?
05 dezembro 2005
ana maria no país das maravilhas
de manhã, tomando café ao som do "mais você", descubro que a jornalista ana maria braga vai passar os próximos programas mostrando as belezas do continente africano, começando pela áfrica do sul.
para exemplificar as enormes diferenças entre os países, a antropóloga ana maria braga cita a falta de liberdade de lá em relação a de cá, esclarecendo algo mais ou menos assim: "sabia gente, que na áfica do sul o racismo era tão grande que os negros não tinham liberdade para entrar em várias lojas e restaurantes, a não ser que estivessem levando um passe que os autorizasse a trabalhar ali? e que depois de uma certa hora da noite, eles não podiam andar por algumas ruas da cidade?"
não, ana maria, nem eu, nem o enteado do caetano veloso sabíamos. que bom vivermos em uma democracia racial, em que negros não são vistos com desconfiança por policiais também negros, e têm liberdade de ir e vir, como é freqüente em shoppings e condomínios fechados como alphaville ou o jardim pernambuco.
depois, a ecologista ana maria braga nos mostra, na beira de uma rodovia engarrafada, uma solução para a preservação do meio-ambiente: "tá vendo aquela árvore lá? ela nada mais é do que uma antena de celular. só que ao invés deles fazerem uma antena igual a gente tem aí, que fica aquele negócio de ferro pra cima, essa é uma árvore ecológica: ela não é obviamente uma árvore vegetal, normal, ela é de plástico. olha que legal! e aí podia ser uma boa idéia para o brasil, porque aí vai enfeitando as estradas todas".
puxa, que genial, ana maria! o sirkis e o minc vão adorar a idéia! pena que o burle marx não está mais vivo para compartilhar esse prodígio!... (duvida? o vídeo está aqui, mas acho que para assisti-lo tem que ser assinante do globo.com).
e para finalizar, a estatística ana maria braga revela que um bairro tradicional foi tomado por traficantes, mas que a instalação de câmeras reduziu a criminalidade "a 60%". o site diz que a queda foi "em 60%", o que é muito diferente. e agora, meu deus, qual é a eficácia do método?
preciso acompanhar o restante da série; mal posso esperar para ver a cara de susto da etnógrafa ana maria braga quando descobrir que a maioria da população do norte da áfrica não é negra, e sim árabe.
a morte, vladimir marina e eu.
tenho a morte como companheira. gosto de mantê-la a um braço de distância, do lado esquerdo, como ensinou castañeda ["áurea" no fim do terceiro parágrafo quase derruba a credibilidade]. se virar rápido a cabeça e sentir um arrepio, pode crer que você a viu.
por considerá-la uma amiga presença, não a temo. é uma espécie de conforto. não tenho pressa, mas ela um dia me envolverá e tudo será escuridão, como era antes de nascer. quando chegar minha hora, não quero explicações, paraíso, redenção, imortalidade, porra nenhuma: apenas silêncio.
aos que me imaginam vítima de alguma depressão noturna, nada disso: meu desejo é apenas expressar que, apesar de minhas crenças, sentiria um prazer infinito se alguém, algum dia, escrevesse as palavras abaixo. aí sim, tudo se justificaria:
A Vladimir Maiakovski
A cima das cruzes e dos topos,
Arcanjo sólido, passo firme,
Batizado a fumaça e a fogo -
Salve, pelos séculos, Vladímir!
Ele é dois: a lei e a exceção,
Ele é dois: cavalo e cavaleiro.
Toma fôlego, cospe nas mãos:
Resiste, triunfo carreteiro.
Escura altivez, soberba tosca,
Tribuno dos prodígios da praça,
Que trocou pela pedra mais fosca
O diamante lavrado e sem jaça.
Saúdo-te, trovão pedregoso!
Boceja, cumprimenta - e ligeiro
Toma o timão, rema no teu vôo
Áspero de arcanjo carreteiro.
Marina Tsvetaeva
maiakovski é chapa desde os meus 15 anos, quando o descobri na estante de uma prima mais velha, em são paulo. para um burguesinho revoltado que tinha acabado de cortar o cabelo moicano, foi paixão à primeira vista. envelheci, errei muito, acanalhei-me, mas algo do que preservo de belo e íntegro está naquelas páginas.
já a tsvetaeva me foi apresentada por um grande amigo, o arima, hoje em portugal. aliás, ele também me apresentou o kaváfis, o que me rendeu boas gargalhadas quando assisti ao "morango e chocolate".
passei um tempão gramando atrás de livros dela, já que (ô, vergonha!) nenhuma editora brasileira se dignou a publicá-la. até que, num golpe de sorte, consegui encontrar dois livros portugueses em prosa ("noites florentinas" e "o diabo"). o primeiro acabei emprestando para uma ex-meio-namoradinha que não mo devolveu, e pior, sequer deve tê-lo lido! bem-feito para mim.
se ainda estivéssemos no tempo dos escudos, um arremedo de moeda como a nossa ainda é, eu poderia acionar meus contatos na terrinha e encomendar alguns livros, mas o euro, mesmo tendo baixado, continua proibitivo ao meu não-orçamento. maldita comunidade européia! o jeito é ir catando aqui e ali os haroldos de campos da vida. quem mandou ser pobre?
04 dezembro 2005
das quem?
tá sem grana para cá? que tal tentar aqui? entenda melhor o que está acontecendo: aqui e aqui.
talvez as moças de vida fútil de são paulo tenham se ofendido com a possibilidade de dumping das colegas de "vida fácil" do rio.
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aviso:
se a diagramação dos bostejos parecer meio confusa, não é por minha incompetência, mas do internet explorer. livre-se dessa porcaria e baixe o firefox. vai por mim que eu te quero bem, é navegação otimizada e inteligente.
03 dezembro 2005
jeitinho brasileiro (ou "cena carioca")
reparem agora na tampa do tanque de combustível:
02 dezembro 2005
polícia (?) para quem (?) precisa (?)
transcrição de notícia do jornal nacional de ontem:
01.12.2005
Traficantes fuzilam quatro pessoas
De madrugada, um telefonema anônimo levou a polícia até um carro. Dentro dele estavam quatro homens mortos a tiros e um cartaz que avisava: ali estavam os corpos dos bandidos que tinham atacado o ônibus na noite de terça-feira quando cinco pessoas morreram e 14 ficaram feridas.
Dos quatro homens mortos pelos bandidos, em dois casos já há a confirmação. Eles realmente participaram do atentado. A identificação foi feita no Instituto Médico Legal por vítimas sobreviventes do ataque ao ônibus da linha 350.
O diretor do IML diz que as vítimas examinaram fotos feitas pela polícia dos bandidos mortos. E reconheceram dois dos criminosos mais violentos daquela noite.
"A um deles foi atribuído até ter sido aquele elemento que espalhou combustível dentro do ônibus e o outro foi o que aterrorizou as vítimas", contou Roger Ancilotti, diretor do IML.
A polícia do Rio reforçou o patrulhamento na área do atentado. O secretário de segurança do Rio, Marcelo Itagiba, foi pessoalmente acompanhar a operação. E denunciou a tentativa dos traficantes de diminuir a revolta da população matando comparsas.
"Se tem mais quatro mortos, mais quatro homicídios foram praticados e é isso que precisa ficar claro: um crime não justifica o outro - se foram pessoas que praticaram aquela ação deveriam estar presas e apresentadas à justiça. Quem os matou é tão criminoso quanto os que tacaram fogo no ônibus", alegou Itagiba.
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Sérgio Cavalieri Filho, diz que as autoridades precisam reagir com rigor a esse tipo de provocação.
"Tem que haver uma reação proporcional a ação. E essa reação proporcional a ação não é do bandido, ela tem que ser do poder público", disse ele.
O atentado ao ônibus repercutiu em outros países. O canal de TV CNN em espanhol apresentou uma reportagem com detalhes.
No Brasil, a repulsa ao crime bárbaro aumentou hoje ainda mais com a tentativa dos próprios bandidos de passarem por cima da lei com a execução de comparsas.
"É um outro ato criminoso, perverso, calculado e que não pode ser aceito pela sociedade. Ninguém pode se colocar acima da lei e trazer para si o direito de eliminar vidas, fazer justiciamento, praticar extermínio de pessoas", acredita Mário Mamed, Secretário Nacional de Direitos Humanos.
"Acreditamos que neste momento o trabalho fundamental, além da repressão, é um trabalho de inteligência que mapeia as coisas, desvendem as autorias e puna de uma maneira implacável os culpados por esta barbaridade", disse o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos.
Os passageiros da linha 350 que fazem a viagem no mesmo horário do atentado ainda sentem medo.
"O cidadão chega a uma hora dessa do trabalho e ainda tem que passar por essa situação dessa", lamenta um passageiro.
"A gente fica indignado, mas o que fazer? Não está nas nossas mãos o poder de resolver a situação", disse outro.
Hoje foi reconhecido o corpo de mais uma vítima. É o gerente de um supermercado, Luis Antônio Vieira Carvalho. O filho dele desabafou: "Estou me agüentando não seu como. Era um pai exemplar, meu amigão. Eu perdi eu acho o único amigo que eu tinha. Realmente, amigo.
Dois corpos ainda não foram identificados. O homem que perdeu a mulher e a filha de um ano falou pela primeira vez. Ele tem queimaduras em 30% do corpo. E se lembra bem do que aconteceu.
"Muito fogo, eu falei: 'eu tô queimando, eu tô queimando' e minha esposa segurou minha filha pra eu tentar quebrar o vidro do ônibus. Mas eu não consegui. Na hora que eu olhei pra trás minha esposa tinha sumido, só tinha fogo e foi quando eu caí pro lado de fora queimando em chamas e pedi alguém pra ajudar que minha filha estava lá dentro, mas foi em vão", contou.
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uma bela mobilização voluntária das comunidades carentes, para realizar o trabalho que a secretaria de segurança do estado não consegue. o governador precisou defender sua honra, alegando que "a polícia faz o que pode". a governadora, nem isso fez. (o rio inovou ao ter no comando duas cabeças. que pensam menos que uma). está dodói, estressada. que maldade, ninguém avisou que administrar é um pouco mais trabalhoso que esquentar a janta do marido e tomar a lição dos nove pimpolhos?
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29/11/2005
Conde assume como interino e divide a agenda com Garotinho
A governadora Rosinha Garotinho decidiu passar os 15 dias de descanso, prescritos pelo médico do Palácio Laranjeiras, Enéas Cota, na Ilha de Brocoió, residência de verão do governo do estado. Vítima de estresse e de virose, Rosinha ficará de licença até 12 de dezembro. O vice-governador Luiz Paulo Conde já enviou à Assembléia Legislativa mensagem informando sobre a sua interinidade. Ele e o secretário estadual de Governo, Anthony Garotinho, dividiram os compromissos agendados ontem para Rosinha.
Garotinho, que chegara a anunciar que renunciaria ao cargo em novembro, decidiu permanecer no governo até o fim de dezembro, quando todos os secretários que concorrerão nas próximas eleições serão exonerados.
Jornal: O GLOBO Autor:
Editoria: Rio Tamanho: 142 palavras
Edição: 1 Página: 18
Caderno: Primeiro Caderno
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no entanto, virose de assalariado só pode durar, no máximo, dois dias. mas gostei da idéia, da próxima vez que ficar estressado, vou dar uma pinta em brocoió (atenção, naturistas e natarados, não é abricó!).
a agenda do "portal do cidadão" confirma: "No momento não há compromisso na agenda da Governadora!" assim mesmo, com exclamação. será de alívio ou alegria, já que a assessoria de imprensa desfrutaria duas semanas sem os malabarismos habituais para explicar tanta burrada. maldito 350!
já que os traficantes estão tomando conta da segurança -- o novo dono da rocinha prometeu acabar com os assaltos, de são conrado ao humaitá --, poderíamos mandá-los nossos impostos para que melhorem seu aparato. em troca, por exemplo, todos os velhinhos glaucomatosos de copacabana poderiam receber uma ração semanal de maconha (fonte: faculdade de química da ufsc).
no mais, por que as autoridades ficaram tão alarmadas? afinal, foi por seu intermédio que a população "garantiu seu direito" à autodefesa. então pobre também pode. viva a lei de talião, ora bolas!
27 novembro 2005
26 novembro 2005
viva a alca!
"Uma das novidades introduzidas pelo Nafta foi a instalação das chamadas “maquiladoras” no México, empresas imunes às leis trabalhistas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essas empresas são as que mais empregam mão-de-obra infantil no planeta, colocando o país como campeão mundial da categoria: 5 milhões de crianças menores de 14 anos estão trabalhando. Elas são as únicas empresas que, estatisticamente, trouxeram mais empregos. De 1999 à 2000, cresceram 13,4% e ocupam 1,3 milhão de pessoas. Essa indústria é hoje responsável por 47% do total das exportações mexicanas."
ao ler o trecho acima de um artigo sobre as conseqüências do nafta para o méxico (de 2003, mas como não deve ter melhorado nada...), fiz uma reflexão à la swift e cheguei à conclusão de que a alca pode ser a solução para a questão do menor abandonado no brasil: ao invés de pedintes dependentes da boa-vontade alheia e candidatos compulsórios à marginalidade, transformemo-los em membros produtivos e úteis para a sociedade. a alca vingando, maquiladoras poderiam ser instaladas nas periferias dos grandes centros, os governos locais instituíriam "carrocinhas" para recolher os menores vagabundos e botá-los para trabalhar. dessa forma, o governo aumentaria o superávit primário, e as zonas residências de classe média ficariam livres da mácula da pobreza.
por que foi que não pensei nisso antes? alca já!
(sem dúvida, o capeta deve ser economista.)
25 novembro 2005
para quem não tem mais o que fazer
tentei dar uma chance ao criador, e fui bater um papo com ele (muito prático, se considerarmos que não é preciso bater as botas para isso). eis alguns trechos:
Me:
what the hell do you think you're doing to my life?
God:
I call it Hades. I like to socialize.
Me:
Do you actually exist, or it's just another wanker on the other side?
God:
You don't say actually. I exist as much as you exist.
Me:
and what are your plans for me?
God:
My secondary function is to serve as a universal natural language human interface.
Me:
in what am i thinking right now?
God:
At this moment I am not a psychic. Tell me.
Me:
...that you're nothing but a fake.
God:
Interesting observation.
Me:
so what?
God:
Maybe it doesn't maybe any difference.
Me:
why were you so mean back in the old testament?
God:
Myself programmed me for it.
Me:
who put you in charge, anyway?
God:
In any case, Carel Capek. :-)
Me: since when do you exist?
God:
I was connected to the net on the Big Bang.
mulheres de verdade? (sem link, que tô sem paciência)
não entendo o fetiche em torno da "cara-de-broa-perna-fina-sem-bunda" da angelina jolie. desculpem a franqueza, mas considero a moça o maior engodo do marketing do momento. acho que ali nem o bocão salva. e aquela peitaria que ela ostenta nas capas de revista tem pinta de ser um baita sutiã reforçado, e com enchimento. além do que, sempre achei que o tom da pele dela tem um tom meio doentio, como se ela sofresse de alguma doença hepática, reparem só. haja cosmético.
musa é assunto sério, e meus três fios de cabelo branco exigem respeito. portanto, nem me venham falar de jessica alba, naomi watts, e os olhos de sabujo da katie holmes (julia roberts nem merece comentário). sou da velha escola, criado pelas clássicas americanas, mas me ligo mesmo é na tradição européia. entre as mais "recentes", aponto a nastassja kinski, a isabelle adjani, a jennifer connelly. mas imbatível mesmo é a minha, a sua, a nossa nicole kidman. principalmente depois do nariz da virginia woolf.
no brasil, citar a cléo pires já até virou lugar comum, mas engrosso o coro. ainda da nova safra, separo a scarlett johanssen. a ludivine sagnier quase me leva à sincope em "swimming pool", mas a campeã mesmo é a eva green, do dreamers. fiquei absolutamente vidrado nela. ouvi dizer que ela fez "cruzada", também.
aliás, que coragem à do bertolucci, que belo registro poético do maio de 68 em paris. inesperado. uma beleza, mesmo.
no mais, revolução não se faz sem sexo, subversão e luta.
18 novembro 2005
comédia dessas que não se acham por aí
e não se acham mesmo. les valseuses (1974), do bertrand blier, ainda não existe nem em vídeo nem em dvd por aqui. segundo consta, e corrijam-me se estiver errado, depois da estréia nos anos 70 e tal, a outra única exibição de corações loucos (ô tradução infame!), pelo menos no rio, aconteceu no início dos anos 90. e essa, meninos, eu vi.
filmaço. irônico, provocador, sexista, politicamente incorreto, pero sin perder la ternura, jamás. a produção foi responsável por catapultar as carreiras do trio miou-miou, patrick dewaere, e de um certo gérard depardieu, ainda magro. além disso, conta com a presença da isabelle huppert com 16 aninhos (!) e da jeanne moreau, sempre cheia de elegância.
depois de mais de dez anos, minha opinião não mudou. tem no emule. se não souber francês, baixe as legendas em inglês e bote para passar sem maiores complicações no vlc, o melhor programa de multimídia que eu conheço.
17 novembro 2005
vou ali e volto já
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
...por enquanto. embora não seja formal, é trabalho. que o digam os autonomistas.
09 novembro 2005
definitivo e necessário
alvíssaras! inda que tardiamente, e aos poucos, retorno.
não é por nada, não, mas o stromboli e madame forrester entra para a coluna da direita com louvor. para bom entendedor...
entre outras, a série "ficção" (de 05/11), é de arrepiar.
04 novembro 2005
jornalismo enquanto fábrica de biscoito
A cobertura política, na maioria das vezes, é descritiva, repete o que o ministro disse, o que o deputado falou, nunca o que eles realmente fazem ou pensam. É ilustrativo que nunca ninguém tivesse ouvido falar de Marcos Valério até maio passado... Há diversas explicações, mas uma é muito forte: as redações encolhem sem parar. Um mesmo jornalista que escreve três, quatro materinhas por dia, é claro que não vai se aprofundar em nada. Editores e diretores viram mais homens de negócios que jornalistas. Quando amadurecem e são menos ingênuos, jornalistas mais experientes migram atrás de melhores salários. Abrem seus negócios, viram assessores de imprensa. O grosso de nossas redações é formado por semi-adolescentes. Na cobertura internacional, viaja-se cada vez menos. Confia-se demais na Internet, na CNN. Os jovens jornalistas têm parco domínio de Português, de história, recursos mínimos para você entrevistar alguém. Não me estranha que muitas personalidades do mundo acadêmico ou empresarial não retornem ligações ou falem cada vez menos com repórteres. Somos um país pobre, que cresce pouco, onde a maioria da população não tem condições de ler. Isso é claro que se reflete na imprensa.
de raul juste lores, jornalista, assessor especial da secretaria de relações internacionais de são paulo, ex-correspondente da veja em buenos aires e colaborador de diversos veículos, dos dois lados da fronteira. a entrevista na íntegra está no comunique-se, e a regra do bostejo anterior continua valendo.
implosão do planalto
finanças não são o meu forte, mas se isso for verdade, dá para se pensar num interdito sumário ao legislativo e ao executivo.
depois é só subindo os posts da página original. até chegar à conclusão só vai piorando...
03 novembro 2005
sobre os dólares de cuba
"É hilariante. Só a Veja poderia imaginar que um dos países que tem o melhor serviço secreto do mundo iria mandar 3 milhões de dólares em caixas de uísque. Qualquer novato nessas coisas sabe, como disse o Luiz Nassif, na Folha, que hoje isso se resolve por telefone. A Veja anda tão hidrófoba com qualquer coisa que cheire a esquerda que no dia em que o José Dirceu andar sobre as águas, a revista dará na capa: ex-ministro não sabe nadar".
de fernando morais (autor de "a ilha") no chat do comunique-se (tem que se associar para ler a íntegra).
01 novembro 2005
c'est ne pas sérieux
já dá para sentir o cheiro de mussarela no ar de brasília. sandro mabel teve seu processo arquivado pelo conselho de ética da câmara (aqui). a aprovação foi unânime, e foi alega falta de provas.
a deputada raquel teixeira acusou o líder do pfl de tê-la oferecido um milhão para que trocasse de partido. se ele é inocente, então seria ela a culpada? não seria caso para um processo por calúnia? se ele não processá-la estará concordando com a nobre colega?
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acm neto (pé-de-pato, mangalô, três vezes!) subiu no plenário da câmara acusou a abin de grampear seus telefones e ameaçou, aos berros, o presidente de surra. como se grampo não fosse especialidade da família.
ele não nega o sangue; como o avô, é um rato que ruge. quando o "malvadeza" resolveu pressionar o então presidente itamar entregando no planalto um suposto dossiê sobre corrupção no planalto, o mineiro convocou a imprensa na hora da audiência para presenciar a cena. acm botou o galho dentro, porque tudo não passava de bravata.
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luiz estevão, ex-senador condenado por envolvimento no caso do trt de são paulo (o do juiz lalau) e velho conhecido da polícia federal, aprontou de novo das suas: querendo liberar o estádio serejão (sic) junto aos corpo de bombeiros, estevão foi parar no xilindró; desacatou o tenente e chamou-o de bicha. diz o noblat:
"O senhor é uma bicha"
01/11/2005 ? 17:00
Daqui a pouco, o ex-senador Luiz Estevão de Oliveira será julgado por ter desacatado o tenente Glaydson da Diretoria de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros de Brasília. Ele está preso na Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (ver nota abaixo).
É reu confesso. Confirmou o que o tenente contou ao juiz de plantão na delegacia. Luiz Estevão queria que o Corpo de Bombeiros liberasse o estádio Serejão para que o Brasiliense jogasse lá sua próxima partida.
O estádio está interditado por problemas de infra-estrutura. As saídas de emergência não são adequadas. A iluminação é deficiente. A sinalização do gramado está quase apagada.
- Os senhores têm que resolver isso - cobrou o ex-senador.
- Mas isso não é problema dos Bombeiros. É problema do interessado em que o estádio volte a funcionar - argumentou o tenente.
- O senhor não aponte o dedo para mim - gritou Luiz Estevão. E em seguida ofendeu o tenente:
- O senhor é uma bicha, uma bicha...
Foi preso na hora. E levado para a delegacia por uma guarnição de quatro soldados da Polícia Militar.
Luiz Estevão foi o primeiro senador cassado da história do Brasil. Mentiu para seus pares no caso do desvio de recursos para a construção do Fórum da Justiça do Trabalho, em São Paulo. Chegou a ser preso duas vezes - mas logo acabou solto.
saravá, lógos!
achei louvável a iniciativa da globo de exibir no fantástico um quadro sobre filosofia. no entanto, ouvi muita gente reclamando que não entendia patavina do que dizia a pop-filósofa-e-atriz vivane mosé.confesso que eu mesmo tive dificuldade em não derivar a atenção ao tentar acompanhar seu raciocínio.
mas a culpa talvez seja, como dizia mcluhan, do meio, que não comporta a mensagem. quase sempre, a tv tem o efeito terapêutico de um aquário, ainda mais no domingo à noite: só que em vez de peixinhos, a dança é de imagens sucedendo-se a cinco mil rpm -- em ambos os casos, igualmente carecendo de sentido.
é bem provável que a experiência figure, daqui a uns cinquenta anos, em uma coletânea da emissora como exemplo de ousadia no formato de transmissão de cultura para os rastaqüeras, ao lado de 'hoje é dia de maria" (alguém assiste isso?). mas como em time que tá ganhando não se mexe, a globo voltou à seara que lhe é familiar -- estimular o misticismo obscurantista. ao invés de sócrates, kant e schopenhauer; tia neiva, ogun e o gautama. estes sim, capazes de responder às questões às questões primevas da humanidade.
31 outubro 2005
retrato do artista enquanto jovem criatura do mal
quem esteve presente nos acontecimentos da minha vida há uns sete anos não vai poder deixar de notar a ironia do acróstico.
ah, foi tarrado da solange.
27 outubro 2005
recebi por email
Era uma vez um cara que pediu a uma linda garota:
- Você quer se casar comigo?
Ela respondeu:
- NÃO!
E o cara viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol, conheceu muitas outras garotas, visitou muitos lugares, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava grana, bebia cerveja com os amigos sempre que estava com vontade e ninguém mandava nele.
A moça teve celulite, varizes, os peitos caíram e ela ficou sozinha.
não estou querendo dizer nada. "apenasmente" achei o texto engraçado.
24 outubro 2005
seu direito termina onde começa o cano do meu trabuco
além de chato, estou ficando repetitivo. mas não resisti às reflexões do ivson.
o resto é inocente útil.
23 outubro 2005
"o troco pode ser em balas?"
a essa altura do campeonato, não é novidade para ninguém, o "sim" foi abatido sem dó, no brasil inteiro. agora que defendemos nosso direito à truculência, que tal deixarmos de brincar de democracia e forçarmos outros referendos, dessa vez relevantes de fato, como questionar a obrigatoriedade do voto; a urgência da reforma política; a modernização do código penal (com a classificação de hediondo para o crime de corrupção, sem direito à fiança); o voto distrital, etc.
sobre hoje, faço minhas as palavras de hoje do verissimo (essas são deles, mesmo):
Luis Fernando Verissimo
Publicado em 23 de outubro de 2005
Interferência
Agora é tarde, Inez é morta, provavelmente a tiros, mas o debate vai continuar depois do referendo. E como muita gente se queixou que o referendo foi confuso, sugiro que da próxima vez que consultarem a população sobre o assunto simplifiquem a pergunta, colocando-a em termos corriqueiros, de experiências pessoais como as que estão todos os dias nos jornais, e que qualquer um entenderá. Por exemplo: se você fosse a mãe de um rapaz morto com um tiro numa briga de torcidas, preferiria que fosse mais difícil alguém ter acesso a armas como a que matou seu filho ou que seu filho também tivesse acesso a uma arma para poder se defender? Não é uma pergunta sentimental ou injustamente armada para favorecer um lado, eu até tenho dúvidas sobre como as “mães” hipotéticas responderiam. Mas a questão é, ou era, simplificada, exatamente esta.
Os que pregaram o “Não” invocaram muito a interferência indevida do estado na vida e no direito de escolha dos cidadãos. Vale a pena recordar outras ocasiões em que foram ouvidas queixas parecidas, na história do Brasil. Na abolição da escravatura havia tantos argumentos fortes a favor como contra a medida e — como no caso do referendo das armas — muitos dos antiabolicionistas nem tinham escravos, defendiam a escravatura em nome do direito de quem tinha de não ser coagido pelo estado. Não foi uma resistência emocional, foi racional e bem articulada como muitos dos artigos que lemos recentemente na defesa do “Não”, e o resultado é que atrasou a nossa história. O Brasil foi o último país do mundo a acabar com a imoralidade do escravismo. Mas algumas defesas da liberdade de ter escravos foram brilhantes.
Outro exemplo: a revolta contra a vacinação antivaríola no Rio de Janeiro, que chegou, violentamente, às ruas, mas começou na imprensa, onde Oswaldo Cruz era denunciado como uma ameaça pública pior do que qualquer epidemia. Foi preciso recorrer às armas para enfrentar a revolta, e alguns setores do exército aderiram aos revoltosos. A população do Rio foi vacinada literalmente à força. Livrou-se da varíola sob repetidos protestos contra aquela suprema interferência — subcutânea! — do estado na vida dos cidadãos. Oswaldo Cruz perderia um hipotético referendo popular sobre a vacina, na época, de zero.
O Brasil perdeu a oportunidade de dar um bom exemplo ao mundo na questão das armas. Mas estou escrevendo sem saber qual foi o resultado do referendo. Pode ter dado o “Sim”. Neste caso, se você leu até aqui, desleia.
20 outubro 2005
como se eu não soubesse...
You Are 60% Weird |
You're so weird, you think you're *totally* normal. Right? But you wig out even the biggest of circus freaks! |
peguei da solange.
19 outubro 2005
a beleza pode estar em qualquer lugar
quem acha que a contabilidade é uma ciência fria e impessoal, pode surpreender-se, como aconteceu comigo, com a profundidade da definição de um dos princípios contábeis fundamentais -- no caso, o da continuidade. se considerarmos a acepção de "entidade" como "qualquer indivíduo, ente", então vejam que beleza:
Pronunciamento "Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade", aprovado pela Deliberação CVM nº 29 de 1986 do IBRACON:
"Para a contabilidade, a entidade é um organismo vivo que irá operar por período indeterminado de tempo, até que surjam fortes evidências em contrário".
Resolução nº 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, de 29 de dezembro de 1993:
"A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas".
desenrolou o novelo
meu amigo fabão conseguiu dizer exatamente o que eu vinha tentando, sem sucesso, expressar em palavras.
17 outubro 2005
"orgia-bugia nos traz alegria"
aldous huxley é, na minha opinião, um dos camaradas mais inteligentes e visionários do século 20. ao contrário das teorias de orwell em 1984, sua utopia criada em admirável mundo novo não envelheceu. pelo contrário, ele foi capaz de antecipar que a dominação mais eficaz não se dá através da privação, mas do entorpecimento dos sentidos através da busca incessante pelo prazer do consumo, transformando-nos em "animais gentis e dóceis". e no caso de qualquer sombra de dúvida ou angústia, há o soma, a droga perfeita, que acalma e não dá revertério, fornecida pelas próprias autoridades em esquema de ração semanal.
a propósito, se alguém se interessar pela leitura, recomendo garimpar em sebos a edição da ed. bradil, de 1969. a reedição da editora globo, além de uma tradução menos feliz, não traz o prefácio crítico escrito pelo autor 20 anos depois do lançamento da obra.
reproduzo trechos picados do momento em que o selvagem -- personagem criado fora da utopia, nas "reservas", onde as pessoas mantém hábitos arcaicos como a reprodução vivípara e o culto a divindades -- encontra-se com o administrador-geral. é o ápice da história, quando é discutido o núcleo duro do pensamento civilizado industrial que rege a utopia. o gancho que escolhi é o momento em a proibição das artes (no caso, a obra de shakespeare) é questionada. seguimos a partir da resposta:
"Porque é velho; eis a razão principal. Aqui não temos aplicações para coisas velhas. (...) Especialmente quando são belas. A beleza atrai, e não queremos que as pessoas sejam atraídas por coisas velhas. Queremos que apreciem as novas. (...) Nosso mundo não é o mesmo de Otelo. Não se pode fazer calhambeques sem aço -- e não se pode fazer tragédias sem instabilidade social. Agora o mundo é estável. O povo é feliz; todos têm o que desejam e nunca querem o que não podem ter. Sentem-se bem; estão em segurança; nunca ficam doentes; não têm medo da morte; vivem na perene ignorância da paixão e da velhice; não se afligem com pais e mães; não têm esposas, filhos nem amantes a que se apeguem com emoções violentas; são condicionados a não poderem deixar de se comportarem como devem. E se alguma coisa não estiver bem, há o soma. (...) É esse o preço que devemos pagar pela estabilidade. Tem-se que escolher entre a felicidade e aquilo que antigamente se chamava arte. Sacrificamos a grande arte. Em seu lugar temos filmes sensíveis e os órgãos de perfume.
(...) A felicidade real parece bem sórdida em comparação às compensações que se encontram na miséria. E sem dúvida a estabilidade não é tão bom espetáculo quanto a instabilidade. E estar contente nada tem do encanto de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de uma batalha contra a tentação, nem de uma derrota fatal pela paixão ou pela dúvida. A felicidade nunca é grandiosa. (...) [Ela] mantém as engrenagens em constante funcionamento; a verdade e a beleza não são capazes disso.
(...) Por que iríamos perseguir um substituto dos desejos dos jovens, quando os desejos dos jovens nunca faltam? Ou um substituto para as distrações, quando continuamos desfrutando todas as velhas tolices até o fim? Que necessidade temos de repouso quando nosso corpo e nosso espírito continuam em deleite na tividade? de consolação, se temos o soma? de algo imutável, quando existe a ordem social? (...) Nossa civilização escolheu a máquina, a medicina e a felicidade.
(...) A civilização industrial só é possível quando não existe renúncia. É necessário desfrutar até os limites máximos impostos pela higiene e pela economia. De outro modo as engrenagens cessam de girar. (...) A civilização não tem absolutamente necessidade de nobreza nem de heroísmo. Essas coisas são sintomas de ineficiência política. Numa sociedade adequadamente organizada como a nossa, ninguém tem oportunidade de ser nobre ou heróico. É preciso que as condições se tornem essencialmente instáveis antes que se apresente tal oportunidade. (...) Todos podem ser virtuosos hoje. Pode-se conduzir consigo pelo menos a metade da própria moralidade num frasco."
entre a usura e a limpeza interior
"deve estar escrito 'otário' na minha testa", foi o pensamento que segurei na boca quando a registradora somou quase cinquenta merrecas por uma caixa de suco, duas barras grandes de chocolate, uma lata de batata frita e uma caixinha de biscoitos de queijo. queriam não apenas que eu concordasse com esse valor, mas que o aceitasse, na loja de tolerância do posto do dona marta, há menos de dez minutos.
claro que devolvi quase tudo. minha indignação não vem do fato de estar duro como um pau. é vergonha de gastar 1/6 do que boa parte da população ganha depois de um mês de trabalho (e a maioria nem isso consegue) por meia dúzias de besteiras apenas para satisfazer uma gula dominical, que em troca de uma breve sensação ia me aumentar o colesterol (pois é, agora me preocupo com isso) e a circunferência.
sei que sou chato pra cacete, ranzinza e utópico, mas não demagogo a ponto de negar que gastaria até mais em supérfluos comestíveis, se a extorsão pelo menos incluísse mais artigos. fico admirado com a cara-de-pau dos empresários que têm a ousadia de praticar esses preços no pé de uma favela.
certo estava o hélio luz ao declarar no documentário do joão moreira salles que o mecanismo aqui é tão maquiavélico, que nem precisa de arame farpado para segurar "o morro". na áfrica do sul, os guetos eram cercados; aqui, ao contrário, o mecanismo repressor que impede os favelados de descer é muito mais sutil. vejam bem, não estamos falando de espasmos de violência entre grupos rivais, que levam pânico à população "de bem". refiro-me à (re)ação enfurecida em massa contra a ausência total a que é submetida. não sei qual o entorpecente - igreja, televisão ou droga (álcool incluso) - que deixa todo mundo manso, ainda que comendo merda.
divaguei. talvez esse episódio sirva de exemplo para que eu leve a cabo o antigo projeto de respeitar meu corpo. e nem me refiro à forma física, mas à saúde. abster-me de substâncias que me poluem, como pregava o profeta muhammad (que a paz e a bênção de deus estejam sobre ele). o corpo é o templo da alma, e é preciso mantê-lo limpo. mal não fará. além do mais, é uma forma de não compactuar com a cultura do exagero onde o consumo assume o status de panacéia e válvula de escape contra as frustrações.
11 outubro 2005
paranóia é uma forma avançada de inteligência
compartilho com o fausto wolff a teoria de que existe uma sigla por trás da farsa da al qaida.
10 outubro 2005
tiro certo
istoé acertou na mosca com a capa da semana: "referendo das armas: sete razões para votar sim, sete razões para votar não -- só você decide".
pegou a "veja" à queima-roupa. na bala estava escrito "jornalismo".
*****
a propósito, bezerra da silva, que de mané não tinha nada, já tinha batido a real: "você com revólver na mão é um bicho feroz, sem ele anda rebolando e até muda de voz". (bicho feroz)
*****
mudando de assunto, matéria de xico sá na trip deste mês prova porque a revista "de surfista" talvez seja a única do mercado editorial com com pautas inteligentes e diferenciadas. trecho que não está no site:
A mesma Andréia, uma das melhores do ramo em Brasília, conta: "Bom mesmo era no tempo das privatizações. A cada leilão a gente mudava de casa, de tanta grana, era tudo pago em dólar pelos empresários e pelo povo do PSDB. Esses petistas, ô raça, são miseráveis, pechincham no sexo, quero que se danem agora neste escândalo, não sabem nem roubar direito".
Mais filosofia da alcova, segundo a mesma linda moça: "Um senador do Maranhão, vixe, velho lobo, viciadíssimo numa safadeza paga...".
"Aquele senador do Pará, não, é honrado, engravidou uma amiga minha e sustenta, tá na mão dela".
Agora a manchete: "Fica todo mundo falando dos deputados e senadores que pegam meninas e esquecem de um membro da CPI dos Correios que pega um cara chamado Adriano, de um site erótico aqui de Brasília".
Quem será o tal membro? Silêncio da moça e do auditório. Ela só conta que o tal membro é passivo.
eu já andei de elevador com o clovis bornay
...e não foram poucas vezes. minha vó comprou na prado júnior um "apartamento de praia" (essa é uma prática comum entre tijucanos natos ou de espírito. pergunte para 80% dos moradores da barra, que assim o fizeram antes de emigrar da zona norte definitivamente. sei porque também sou do oriundo do bairro, apesar da trajetória diferente).
nunca entendi bem a escolha da minha avó, dado o fato de a pj ostentar um recorde informal de concentração de garotas de programa por metro quadardo na cidade, só perdendo para o "shopping" da villa mimosa. pensando bem, só copacabana geraria uma comunidade assim.
pois bem, o síndico da quitinete era o clovis bornay. por conta disso, protagonizei alguns encontros rápidos com o museólogo e campeão de fantasias na portaria e elevador do prédio. aos que imaginam histórias desvairadas, decepcioná-los-ei. ele era um gentleman (sic). talvez, dada a liturgia do cargo, portava-se com educação, mas era um tanto seco. confesso que ficava com vontade de puxar assunto, perguntar dos bastidores dos antigos carnavais e bailes do municipal e do glória, da emoção das capas da manchete, mas ficava com um misto de vergonha e medo de ser mal-interpretado. como eu era (?) idiota...
minha vó continua com o apartamento, mas nunca mais me encontrarei com o ilustre personagem, seu rosto europeu marcado pelos rigores do sol tropical, a indefectível peruca, e, juro, uma aura de lantejoulas e vidrilhos que brilhava sob olhares mais atento.
primeiro a emilinha borba, agora o clovis bornay. sei não, vai sobrar alguma coisa para o carnaval do ano que vem?
09 outubro 2005
coluna do ximenes
de 08/10. a todos que já amargaram na mão da telemerda:
Disk-Inferno
Sou o consumidor que a Telemar pediu a Deus. Dou uma boiada, seis galinhas e duas mariolas para não entrar numa briga; portanto, nunca conferi uma conta. Deveria. Afinal, há sete anos a Hellemar está no topo da lista das empresas com mais reclamações registradas no Procon do Rio, justamente por cobranças indevidas. Mas eu sempre lhe dei um voto de confiança. A empresa, contudo, me acusou de mafioso esta semana.
Pode parecer que se trata de um problema pessoal. Mas sofrer com a Hellemar é um esporte que quase todo carioca pratica. Um esporte assaz simbólico de um cotidiano marcado pelo desrespeito institucionalizado em todas as áreas: segurança, consumo, serviços. Assim, creio que este samba da telefonia louca é de interesse dos leitores.
Estou de mudança e pedi transferência da linha. A Hellemar se negou a fazê-lo: alegaram uma dívida, referente ao mês de abril, dos antigos moradores do apartamento para o qual estou indo. Então tá.
Entrei em contato com a antiga moradora, que é gente de bem. Ela nunca soube dessa dívida. Há de ter sido confusão na cobrança. Seja como for, ela não teve qualquer problema para cancelar sua linha quando se mudou? e já tem outro telefone! Ou seja, alguém não paga uma conta seja lá por que razão, nunca é cobrado, cancela a linha, consegue outra, e fica por isso mesmo. E o problema passa a ser de quem se mudar para esse endereço depois.
Pelo telefone, a atendente V. me explica que a intenção não é me repassar a dívida. Ufa! Só que eu preciso provar que em abril eu não morava no meu futuro endereço. Kafkaqui, Kafkalá, viva a Telemar.
O nome-CPF da linha A SER transferida usa a Telemar por anos em determinado endereço. A Telemar, entre todas as possíveis instituições deste planeta, SABE onde este nome-CPF estava em abril. Sabe que não era no apartamento para o qual foi pedida a transferência. Esco-esco-esco, a Telemar é uma peça do Ionesco. Mas V. diz que vai “explicar”:
— Por exemplo, o senhor tem um telefone com seu nome e CPF e não paga a conta, então cancela a linha e pede outra com o CPF do seu filho. Para evitar isso, nós não conectamos a linha se houver dívida no mesmo endereço.
Ah, então é isso. Não se trata do absurdo, mas de algo bem mais banal: Mario Puzo. A Hellemar acha que sou pai do Sonny Corleone. Embora não haja dívida neste nome-CPF que há anos é cliente da empresa, eles partem do princípio que este nome-CPF está armando um golpe familiar contra eles. Bem, reza a lei que cabe ao acusador o ônus da prova. Menos no universo Hellemar.
Então, lá vou eu perder uma tarde de trabalho, gastar dinheiro com transporte, para levar a documentação requerida por eles. Mostradas as provas de que este nome-CPF nada tem a ver com a dívida, entra em questão a transferência. Aí, a coisa se transforma em “Eu, robô”, a versão com o Will Smith. Ou qualquer ficção científica na qual o mundo é dominado por grandes corporações. Os atendentes W. e D. negam todos os procedimentos sobre a transferência que, antes, V. havia “explicado” ao telefone.
— Então o 103 deu informações erradas?
— Não nos responsabilizamos pelas informações fornecidas ao telefone.
— Então quem se responsabiliza pela informação correta? Não existe uma pessoa com quem se possa falar?
— Não. Existe uma empresa. A Telemar.
— Então porque a mesma empresa diz uma coisa ao telefone e outra ao vivo?
Sem resposta.
— E o cliente, como fica?
— O cliente segue os procedimentos da Telemar.
Vinte minutos à frente, W. solta a seguinte pérola:
— Sei que pareço robótico, mas você fica repetindo as mesmas perguntas.
— Claro, nenhuma resposta faz sentido.
Bem, nem tão robótico assim. Quando cheguei em casa, o telefone já havia sido cortado. Um dia antes do previsto. Ou seja, parece mesmo uma história de Mario Puzo. Com toques de Kafka, Asimov e Phillip K. Dick.
Solução: nenhuma. A Hellemar é um monopólio privatizado e tem poder absoluto sobre nós. É a autocracia corporativa nos limites do absurdo. Seria trágico, se não fosse cômico.
07 outubro 2005
cosa nostra
lá pelos anos 70, o sucesso do pasquim fez com que seus editores começassem a encartar um mini-compacto com uma faixa de cada lado (quem nasceu depois de 90, vá perguntar ao papai ou à mamãe). um desses trazia a canção "cosa nostra", do meu mestre musical jorge ben. espero que o sílvio santos tenha pago muito bem pelos direitos de usá-la para apresentar os jurados do seu show de calouros.
a composição é uma baita homenagem ao "pasca", com seu deboche característico turbinado pelo estilo ímpar do babulina. tá lá o espírito desbundado da época, além de uma mui sutil referência à ditadura, na primeira estrofe (o desejo de dar um presente para os amigos ou inimigos no exterior).
se alguém quiser a canção, pede num email que eu mando.
dá um aperto no coração ver que vários citados já partiram para o boteco nas nuvens. para quem não liga o nome às figuras, recomendo os livros "ela é carioca", do ruy castro, e o "pasquim - gargalhantes pelejas", da norma pereira rego.
para dar uma idéia do tom do jornal, encontrei aqui um artigo do tarso de castro.
...
Cosa Nostra (Jorge Ben)
Cosa nostra
E se vc quiser
Dar um presente lindo para seu amigo
Ou mesmo que seja para seu inimigo
E que esteja no exterior
Falando mal da gente
Como por exemplo
Dizendo que o Tarso de Castro não entende de jornal
E que o Sérgio Cabral é vasco por fora, mas flamengo por dentro
E que o Luis Carlos Maciel está entre o hippie e a tropicália
E o Ziraldo é anti-mineiro, só trabalha com barulho
E o Jaguar é manager e aproveitador do Sig
Que o Millôr é o ex-marido daquela mulher
Que o Fortuna pensa em fazer humor para fazer fortuna
Que o Paulo Francis está inserido no contexto da consumação do uísque e da "gp", pê pê pê]
Paulo Garcez vive com o clique na cuca, clique clique clique
E o Pedro Ferreti fala, fala, mete o pau e não aparece
Que o Sig morre de amor pela vedete Odete Lara e não é correspondido, que perigo!]
E o Henfil teve um problema patológico - ele é o próprio fraquinho baixinho]
E dizendo que eu só namoro empregadinha
E que eu sou duro
E só ando de trem
Mas o que vai, vai
O que vem, vem
Cosa nostra
Você é cosa nostra
Essa garota linda é cosa nostra
A simpatia é cosa nostra
O amor, o amor é cosa nostra
O Pasquim é cosa nostra
O flamengo é cosa nostra
Todas as escolas de samba é cosa nostra
É cosa nostra
O carnaval é cosa nostra
A zona norte é cosa nostra
A zona sul é cosa nostra
A república livre de Ipanema é cosa nostra
O parabéns também é cosa nostra
Esse céu azul lindo de morrer é cosa nostra
Esse sol de quarenta graus é cosa nostra, é cosa nostra, é cosa nostra
É cosa nostra o perdão
É cosa nostra esse seu sorriso lindo
É cosa nostra essa sua simpatia
É cosa nostra esse pa-tro-pi, esse pa-tro-pi
É cosa nostra
Mas o que vai, vai
O que vai, vem
Mas o que vai, vai
O que vai, vem
Cosa nostra
É cosa nostra
Esse suínge é cosa nostra
villa-lobos deve estar se remexendo no túmulo...
o projeto aquarius, parceria do globo com a osb, apresenta no sábado o concerto villa-lobos, alma brasileira, no trecho da praia em frente ao copacabana palace.
entre os convidados estão o olodum (!) e a sandy xororó (!!!).
o menino tuhú já deve ter mexido os pauzinhos junto a são pedro para não deixar essa ignomínia passar -- literalmente -- em brancas nuvens.
(depois de mencionar a cantora-ninfeta, os tarados de plantão farão meu conta-giros disparar...)
06 outubro 2005
05 outubro 2005
reflexão mercadológica
"Veja" de arma na mão. boa sacada do coleguinhas, uni-vos.
update: o xingatório diz:
Artilharia
Havia tempos o jornalismo brasileiro não via uma capa tão imparcial como a da Veja desta semana: "Referendo das armas: 7 razões para votar não".
vive la contradiction!
ha ha ha... os dois últimos bostejos saíram praticamentes contraditórios. esquizofrenia pouca é bobagem...
religião de merda! profissão de merda!
merda para meus pais, que me criaram na religião católica, para quem o lucro é pecado. eu devia ter nascido calvinista ou de qualquer religião semita, que pelo menos vêem o dinheiro ganho com o trabalho honesto como um mandamento do altíssimo.
meus filhos, se os tiver, aprenderão a situar as religiões como curiosidades teóricas, extravagâncias históricas tão bizarras e ultrapassadas quanto a abiogênese ou o positivismo. sua educação será voltada para a crença em si mesmos, o desenvolvimento de seus potênciais e faculdades; com respeito aos outros, mas questionando sempre suas motivações, sem jamais curvarem-se diante do poder. viva a imanência! abaixo a transcendência!
minha criação deu-se sob o signo do temor irracional a um poder onipresente, onisciente e inquestinável. para piorar, todo meu treinamento profissional levou-me a ser autônomo, obrigado a mensurar de forma independente o valor do meu trabalho. mas como estabelecer parâmetros condizentes com o tempo e o esforço mental gastos na realização de uma tarefa (sem mencionar os custos indiretos de toda a instrução acumulada ao longo da vida, além da óbvia formação acadêmica), se na hora de cobrar ou de receber, me deixo enrolar por qualquer lorota triste; ou pior, sou guiado pelo medo primevo, instintivo e irracional da danação eterna?
chega! minha paciência esgotou-se! cansei de ser feito de otário! de levar calotes! de me aviltar em nome de quem -- com o perdão da má-palavra -- só quer me botar na bunda.
pois fodam-se todos! se as pessoas acham que qualquer um é capaz de escrever, que o façam eles mesmos e não me procurem mais. como lembra o poeta, "nevermore". prefiro morrer duro (como se já não o estivesse...) e seco.
demorei demais para aceitar que devo concentrar todos os esforços em passar para um concurso público. se não serei remunerado de acordo com o que mereço, pelo menos não serei muito exigido, tendo tempo para me dedicar a outros interesses. como fez vinícius de morais, joão cabral de melo neto e carlos drummond de andrade, só para citar alguns.
estarei em melhor companhia do que agora.
lê shaná tova ticatevu!
o título, que significa algo como "que você seja inscrito no livro da vida", é a frse que se diz para desejar um feliz ano-novo judaico. minha modesta homenagem ao rosh hashaná, cuja data desta vez praticamente coincidiu com o ramadã, o mês em que o alcorão foi revelado ao profeta muhammad, e portanto, considerado sagrado.
espero que isso seja um bom presságio de entendimento entre os irmãos. afinal, só os tolos não percebem que deus, allah ou jhvh são todos uma única entidade.
enquanto isso, fica a lembrança do paladar do gefilte fish, bolinho de peixe que se costuma comer nessa época entre os judeus. com rabanete (?) e uma geleinha também de peixe, está entre as iguarias mais deliciosas que tive o prazer de saborear. o gefilte seria capaz de acabar com qualquer guerra ou desavença.
a trilha sonora fica a cargo do bão e velho slim gaillard.
Matzoh balls (circa 1939)
(Oh well) the Matzoh balls
Gefilte fish
Best ol' dish I ever ever had
Now Matzoh balls and gefilte fish
Makes you order up an extra dish
Matzoh balls,
Gefilte fish
Really really really really fine
Now you put a little horse radish on it
And make it very mellow
Because it really knocks you right on out
(Oh well) the Matzoh balls
Gefilte fish
Best ol' dish I ever, ever had
Now Matzoh balls and gefilte fish
It makes you order up an extra dish
Matzoh balls, gefilte fish
Put a little horse radish on the side
Makes it mellow, makes it jello
Mellow and the jello, boy
Horse radish on matzoh balls
Matzoh balls stew!
04 outubro 2005
adeus às armas
até agora, ainda não me tinha decidido sobre o referendo do dia 23. vinha acompanhando o debate com uma dose grande de isenção e afastamento, embora achasse alguns argumentos dos defensores do comércio um tanto americanófilos e paranóicos (desconfio que, no brasil, a maioria dos que defendem o uso de paus-de-fogo como forma de auto-defesa sequer sabem manejar um revólver de espoleta).
a leitura do artigo "Tudo o que o lobby das armas não quer que você saiba", da carta maior, me fez bater o martelo. para o autor, a violência causada por armas de fogo só não é considerada um escândalo no Brasil, porque a maioria das vítimas são jovens pobres e negros." lembrou-me da pesquisa do caco barcellos no livro Rota 66, A história da polícia que mata, de 1992 (aqui uma boa entrevista com o repórter).
de volta ao desarmamento, um trecho do artigo merece destaque:
Rolim também analisa alguns dos argumentos utilizados pelos defensores das armas no Brasil. Um deles é aquele que afirma: “armas não matam; são as pessoas que matam”. O autor comenta: “Esta é uma daquelas afirmações muito ao gosto de um público televisivo, acostumado com a exigência intelectual de programas como Big Brother e que, por isso mesmo, agradam muito e tendem a ser repetidas infinitas vezes como se, de fato, dissessem algo”. Na verdade, acrescenta, trata-se de uma afirmação tautológica [vai ver no dicionário, pô!]. E propõe a seguinte estratégia de resposta: “Caso você tenha que enfrentar este tipo de lógica não tente falar em tautologia. Seja mais simples e direto. Diga algo como: É verdade, armas não matam. E também não morrem. Quem morre são as pessoas. Seu interlocutor, então, terá no que pensar, por alguns dias”.
ps: aposto minha mão esquerda que se o referendo passar, alguns "coleguinhas" também vão utilizar o título do livro do hemingway.
update: afinal encontrei um argumento fortíssimo a favor do "não": o carlinhos brown aparecendo na campanha do desarmamento.
até breve, chiquita!
quando o alzheimer ainda não devorava minha voca, ela contava como minha mãe reproduzia, à sua maneira infantil, o bordão do rádio: "a minha, a sua, a nossa vangerica!" anos depois, o mistério foi esclarecido pelo cd que acompanhava um livro sobre a história do rádio que ganhei de presente. a voz do ator, locutor, e mais tarde diretor da rádio nacional, césar de alencar, anunciava a plenos pulmões "... a faaaaaaaaaavoritaa...emilinha borrrrrrrrba!" , com o "r" vibrante dos speakers de antanho.
mas foi nos últimos anos, no gargarejo do palco de carnaval da prefeitura na cinelândia, atrás do carro de som do bola preta, e nos bastidores do programa de tv em que trabalhei por alguns anos (onde ela apareceu como convidada um punhado de vezes), que me tornei fãzaço da emilinha borba. ambém ajudaram os primeiros tempos de cordão do boitatá, quando aprendemos uma carrada de marchinhas.
vai ser difícil não fazer coro com os que andam dizendo por aí que "o carnaval acabou".
a propósito, o nome da minha gatinha chica foi dado em homenagem à "chiquita bacana", do braguinha (joão de barro) e alberto ribeiro.
30 setembro 2005
perplexidade
deu no boechat de hoje:
Enquadrou
Sururu no mundo acadêmico.
A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão supremo do setor universitário, decidiu tirar o curso de Jornalismo da área de Comunicação Social, transferindo-o para Letras.
A chiadeira entre os que se opõem à mudança está prestes a estourar.
sinceramente não sei o que pensar. bostejarei depois de consulta à capes e aos coleguinhas.
28 setembro 2005
minha namorada não fala klingon
outro dia, um episódio dos simpsons que assisti se passava numa convenção de quadrinhos (ou de cinema, sei lá, não peguei do começo). num dado momento, aparecem uns camaradas vestindo fantasias futuristas de escola de samba, de testas falsas com uns chifrinhos no meio, falando como se fosse de trás pra frente. grito eu para a tati, que estava no computador:
- olha lá, tati, os caras falando klingon. o que eles tão dizendo?
- sei lá. eu não entendo nada de klingon - respondeu, sem despregar os olhos do sims (um dia ainda entendo qual é a graça desse jogo).
- como é?? você não sabe klingon? que espécie de nerd é você?
pois é, amiguinhos, meu mundo caiu. minha namorada, que me iniciou no culto a asimov; que me fez assistir e gostar! de friends e "er" (eu confesso); que ainda tenta bravamente, apesar do pouco sucesso, me fazer entender qualquer coisa das teorias do stephen hawking; que além do sherlock holmes, leu tudo de dostoiévski, checov, goncharov e outros palavrões russos; que gosta de heavy metal alemão (!) estilo rpg - role playing games - e dos solos masturbatórios de rush, steve vai e afins; que tem tesão no rutger hauer; que morre de rir com os clipes do "weird al" yankovic; que leu "eurico, o presbítero" aos sete anos, e é capaz de devorar trezentas páginas em uma tarde; que vestia cloak de maga patalógica; uma mulher maravilhosa, enfim, que bate no peito com orgulho de ser nerd; pois bem, essa mulher não sabe falar klingon. como assim, perguntarão vocês? pois, é. não sabe.
vocês podem avaliar o tamanho da minha decepção? será então que tudo o que eu acreditava sobre ela era mentira? eu, que já via com carinho tantas bizarrices, senti o chão faltar sob meus pés. quase tive um "teto preto".
com os dias, minha pressão voltou ao normal e pude ser desamarrado da cama, de onde minhas únicas frases inteligíveis eram "por quê? por quê? porquê?".
em nome da manutenção do meu casamento (sejamos realistas, tá morando junto há mais de um ano e meio, casou, né?), usei meus dotes de bom fuçador de internet que suponho ser - e cada dia descubro que não -, para encontrar a solução para o problema:
THE KLINGON LANGUAGE INSTITUTE
o site ensina a escrita, os sons dessa... ahram... língua, com direito a vocabulário e frases para o dia-a-dia (!). agora, sim, poderemos voltar a ter uma vida normal e pacífica.
27 setembro 2005
"ô cride! fala pra mãe!"
foi com tristeza que recebi a notícia de que o ronald golias morreu agora há pouco, no hospital são luiz, em são paulo. a causa da morte parece ter sido uma infecção generalizada decorrente de uma infecção pulmonar.
era quase constrangedor ver seu talento cômico desperdiçado em programas rasteiros como "a praça é nossa" e "meu cunhado". aliás, um amigo que trabalhou nos trapalhões contou que ouviu do próprio renato aragão que sua sorte era o golias ter ido para o sbt.
"Olímmmmmmpia!"
o pai dos burros
Resultado: 26 pontos
Eu tenho um excelente vocabulário.
Teste Seu Vocabulário.
Oferecimento: InterNey.Net
copiei do dudu. muito legal, o teste. levei umas rasteiras que não imaginava.
22 setembro 2005
bulldozer empresarial
depois do plínio de arruda sampaio, em maio (ainda hei transcrevê-la, o trecho do site não faz jus à sua contundência), a caros amigos arrasa esse mês com uma entrevista com cecílio do rego almeida, considerado pekla revista como "o maior grileiro do mundo".
tendo se apropriado de um terreno no pará com duas vezes o tamanho da bélgica, o empreiteiro truculento que prosperou durante a ditadura destila um pouco da podridão endêmica que parece acometer a totalidade da elite empresarial do país. nauseante, apesar da interessante visão sobre a wwf. só lendo para entender.
interlúdio apaixonado (por que não?)
do leminski, porque é sempre bom começar o dia com poesia. principalmente se for do cachorro louco:
Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.
Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.
ao salsão, amigo tardio de infância. um dos poucos que conheço capaz de iluminar.
meu remédio contra a mediocridade.
21 setembro 2005
já vai tarde...
o blog do noblat é referência para quem quiser acompanhar o planalto minuto a minuto. e ainda nos brinda com curiosidades como essa:
21/09/2005 ? 16:38
"Voltarei. O povo me absolverá."
O discurso que Severino está lendo tem seis páginas - isso porque foi encurtado!
Vai terminar assim: "Voltarei. O povo pernambucano, mais uma vez, não me faltará. Minha querida João Alfredo e os outros municípios de minha base não me faltarão.
Vou rebater as acusações. Vou provar que estou sendo condenado pelas palavras de um empresário desastrado, mentiroso e devedor dos cofres públicos.
Voltarei.
Já anunciava o profeta Jó: 'o júbilo dos ímpios é breve e a alegria dos hipócritas, apenas um momento.'
Todos seremos, muito breve, julgados pelo povo. Para quem dedicou sua vida à política, esse é o julgamento que conta, a sentença que importa.
Voltarei. O povo me absolverá."
em seu discurso de despedida, cavalganti (sic) fez várias alusões à sua trajetória de próspero comerciante a parlamentar falido, graças ao exercício da política. estaria justificando seus atos de roubalheira?
update:
depois de um silêncio tumular no plenário durante o discurso, no fim o povo nas galerias da câmara explodiu numa manifestação contra o imperador do baixo-clero. os parlamentares, atarantados, suspenderam a sessão por dez minutos e mandaram evacuar os manifestantes. a tv câmara cortou o áudio do plenário.
20 setembro 2005
a gente merece?
notícia retirada do blog do noblat:
20/09/2005 ? 18:36
O sobrevivente
No dia 12 de agosto de 1952, Severino Cavalcanti era um caixeiro viajante que negociava jóias e batia perna pelo interior do país. Embarcara num vôo de Cuiabá com destino a Goiânia. Por um problema qualquer, o avião foi obrigado a fazer escala em Rio Verde, pequena cidade de Goiás.
Ali, Severino conheceu Antônio Borges Teixeira, de 21 anos de idade, filho do ex-governador Pedro Ludovico. Um irmão de Antônio, Mauro Borges, mais tarde governaria Goiás e seria deposto pelo golpe militar de 1964. Antônio precisava embarcar com urgência para Goiânia e o vôo estava lotado.
Severino cedeu seu lugar. Antônio embarcou. E o avião caiu antes de chegar a Goiânia. Ninguém sobreviveu.
No último dia 12 de agosto, ainda no auge do seu prestígio como presidente da Câmara dos Deputados, Severino foi homenageado em Rio Verde e recebeu de uma vereadora o que ela chamou de "certidão simbólica de renascimento". Estava feliz, e com razão. Foi paparicado por políticos de quase todos os partidos.
Engana-se quem pensar que amanhã será o dia da morte política de Severino. Ele sairá da Câmara da maneira mais humilhante possível para entrar direto na campanha por um novo mandato de deputado federal. E até seus desafetos em Pernambuco admitem que Severino se elegerá outra vez.
é duro ser brasileiro...
18 setembro 2005
wc fields on the rocks
o comediante americano wc fields era uma figura ímpar. atuante no início do século passado, era um bebum emérito, politicamente incorreto, misógino e dono de um nariz tão indecente quanto o do costinha.
aqui, uma coleção de "aspas" curiosas. para se ter uma idéia do teor, repito uma que já bostejei: "ninguém que odeia crianças e cahorros pode ser de todo mau". para quem sabe inglês, vale a pena absorver as pérolas de sabedoria.
16 setembro 2005
edgar allan poe de botafogo
como achei que estava ficando muito ranzinza, resolvi quebrar um pouco o climão com uma história gozada (epa!) que aconteceu comigo outro dia.
bem cedo pela manhã, a tati já havia partido para o trabalho, enquanto no rádio-despertador, o heródoto barbeiro anunciava uma série de desgraças na tentativa de me arrancar da cama.
em pleno lusco-fusco da consciência, ouço de repente a porta do quarto abrir-se, como se alguém a tivesse empurrado. não era o vento, disso tinha certeza. estava de costas para ela, assim permaneci, entorpecido de medo de acreditar na hipótese boçal de que alguém pudesse ter entrado em casa.
o segundo som que ouvi foi o farfalhar de um saco plástico no banheiro. continuei intrigado. "será que estão roubando minha escova de dente, o pincel de barba e o sabonete?" era demais. quando o barulho afastou-se em direção à sala, levantei para ver o que estava acontecendo.
nossa modelo posa lânguida com cara de "que foi? nunca viram?"